São Paulo (AUN - USP) - Estudo publicado pela Sociedade Humanitária dos Estados Unidos (HSUS), Understanding Animal Cruelty (Entendendo a crueldade contra o animal), afirma que há grandes conexões entre a violência contra animais e homens. De acordo com o estudo e com dados do FBI (a polícia federal dos Estados Unidos), cerca de 80% dos assassinos torturavam animais quando jovens. Porém, no Brasil, a realização de um estudo desse tipo é muito difícil, pois não há um levantamento estatístico adequado dos casos de violência contra animais, afirma a médica-veterinária Heidi Ponge Ferreira, que ministrou palestra recentemente na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
De acordo com a médica, são raras as ocorrências de maus-tratos que acontecem como crimes isolados. “Na maioria dos casos, as agressões a animais se encontram relacionadas a distúrbios familiares, como abuso de menores”, conta. Assim, para Heidi, o veterinário deve estar atento a casos de animais domésticos machucados, pois estas crueldades podem ser somente “a ponta do iceberg” de uma rede muito maior de sadismos e violências.
Um dos casos mais famosos é o do “Estrangulador de Boston”, Albert deSalvo, que confessou ter matado 13 mulheres. Quando criança, Albert prendia animais em jaulas e disparava flechas contra eles.
Há ainda outro ponto a ser considerado no que diz respeito aos maus-tratos a animais: a cultura. Ainda hoje é possível encontrar lugares onde se realizam as “rinhas” entre galos ou cães. Há também as superstições e práticas rituais, como a crença de que “gato preto dá azar” ou as chamadas “magias negras”, nas quais animais são sacrificados para a realização de “feitiços”. Isso sem contar festas como a farra do boi e os rodeios, que são exemplos claros de manifestações populares que incitam a violência contra animais.