ISSN 2359-5191

30/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 64 - Meio Ambiente - Instituto de Física
Só reforma radical do sistema de transporte resolverá problema da poluição atmosférica

São Paulo (AUN - USP) - A única solução para o problema da qualidade do ar em São Paulo, que a cada ano recebe três milhões de toneladas de poluentes, é uma reestruturação radical do sistema de transporte da cidade, de acordo com Américo Kerr, especialista no assunto e professor do Instituto de Física da USP. Baseado no transporte individual, com uma rede de ônibus mal organizada e linhas de metrô insuficientes, o sistema de transporte, responsável por 90% de toda a poluição atmosférica da cidade, é irracional e ineficiente, segundo o pesquisador.

Ele explica que não faz sentido, numa cidade grande e populosa como São Paulo, um sistema em que as linhas de ônibus convergem do centro para o resto da cidade, tornando os percursos muito longos e as viagens demoradas. Essas linhas deveriam ser substituídas por uma rede mais abrangente de metrô, ao qual seriam integradas linhas de ônibus perimetrais e locais, diminuindo o tempo que as pessoas passam nos coletivos.

A resistência da população não é tão grande como se pensa, segundo o Kerr. “Se houver um sistema de transporte coletivo eficiente, as pessoas irão utilizar, porque vão perceber que é muito mais vantajoso do que andar de carro”, diz. Mas para isso também é preciso que um trabalho de incentivo, de educação da população para a melhoria da qualidade ambiental. Desestimulando o transporte individual e assim reduzindo a frota de carros, a poluição atmosférica pode ser minimizada consideravelmente, já que eles são os principais poluidores.

Mas para que isso ocorra, o sistema de tráfego tem que ser totalmente reformulado. Qualquer tentativa de implantar soluções paliativas, como a construção de um anel viário atravessando a cidade, por exemplo, acabam piorando o problema, pois “só ajudam a expandir um sistema que é ineficiente e inadequado desde o princípio”, nas palavras de Kerr. “As marginais, por exemplo, foram criadas para desafogar o transito no centro da cidade. O que aconteceu? Hoje, seus entornos estão totalmente ocupados e o problema só aumentou.”, continua.

Mesmo tecnologias supostamente mais amigas do ambiente, como carros com motor flex fuel, não são a melhor saída. O pesquisador explica: “O álcool pode ser menos nocivo que o petróleo, mas ainda sim é muito poluente. Essa mudança deve ser só um apoio, nunca deve ser encarada como a solução para o problema”.

De acordo com dados da ONG Akatu, só em São Paulo, morrem cerca de 300 crianças e idosos por ano devido a doenças respiratórias causadas pela poluição do ar. Além disso as doenças consomem R$600 milhões por ano dos recursos da cidade. Por se tratar de um problema complexo, com enorme número de fatores sociais envolvidos, as pesquisas sobre poluição atmosférica na USP integram professores de diversos institutos, explica Américo Kerr. A conclusão é que grande parte das soluções está ao alcance dos poderes públicos, o que falta é comprometimento em planejar medidas a médio e longo prazo.

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