São Paulo (AUN - USP) - Cabos submarinos são muito melhores para transmitir informações do que satélites, afirma o professor do Instituto de Física da USP Sílvio Salinas. Como o nome sugere, eles são construídos especialmente para serem instalados sob ou sobre o leito oceânico e conectar diversos continentes ou ilhas, podendo conduzir eletricidade, voz, dados ou qualquer outra coisa que possa ser convertida em sinais eletromagnéticos. Possuem altíssimas capacidades de transmissão, sofrem menos interferência e oferecem facilidades operacionais, tudo isso a um custo muito mais baixo do que a comunicação por satélites.
Segundo o professor Salinas, o acordo de US$300 milhões firmado pela Google recentemente para construção de mais um cabo submarino que ligaria os EUA ao Japão é mais uma prova de que essa tecnologia desenvolvida no século XIX não ficou obsoleta. Os cabos foram inventados por Lorde Kelvin para substituir as linhas aéreas de transmissão de telégrafos que não funcionavam bem debaixo d’água.
Inicialmente eles eram metálicos ou coaxiais (feitos de diversas camadas de condutores e isolantes), mas hoje em dia são fabricados principalmente de fibras ópticas. Elas são o fator que contribui mais significativamente para a eficiência dos cabos, pois tem imunidade total a interferências magnéticas e altíssimas velocidades de transmissão.
Entretanto, a velocidade de transmissão total possível ainda não foi alcançada pelas tecnologias existentes. As fibras ópticas funcionam através do confinamento de luz num meio físico que a reflete, e justamente essa reflexão faz com que a velocidade da onda luminosa, que no vácuo de 300 mil quilômetros por segundo, se reduza consideravelmente.
A tecnologia de transmissão submarina só têm se desenvolvido, a capacidade dos cabos de fibra óptica aumentou muito desde os anos 80, quando o primeiro cabo intercontinental desse tipo foi construído. Ele tinha capacidade para 40 mil conversas simultâneas, que subiu para mais de 200 milhões nos cabos atuais. Um número que só tende aumentar.