São Paulo (AUN - USP) - O ciclo completo da reciclagem de latas de alumínio no Brasil passou de 45 dias, na década de 90, para 30 dias atualmente. Segundo Henio De Nicola, coordenador da comissão de reciclagem da Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), a mudança na estrutura da coleta de sucata foi notável. As mudanças na área de reciclagem de alumínio foram tratadas por ele em palestra realizada sobre o tema na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
A coleta de sucatas de alumínio também sofreu mudanças no que se refere a suas fontes. As cooperativas e associações, por exemplo, passaram de 43% no ano de 2000 para 58% em 2006. Os condomínios e clubes que antes eram responsáveis por 10% agora representam 20%. Os eventos foram os que sofreram maior queda indo de 12% para 1%. O índice total de reciclagem de latas de alumínio no Brasil já supera 94%, segundo dados da ABAL.
Antes o processo de reciclagem de alumínio passava do público produtor dos resíduos para catadores, depois para três níveis de depósitos e só então para indústria reciclagem e indústria de latas. Já em 2006 o produto vem direto do público, catadores, cooperativas, associações ou condomínios passando direto para um depósito e depois para indústria reciclagem e indústria de latas, explica Nicola.
A eficiência na utilização do alumínio pela indústria de latas aumentou nos últimos anos e a produtividade passa de 51%. A reciclagem de latas de alumínio movimentou R$ 1,7 bilhão na economia em 2006, sendo R$ 541 milhões injetados diretamente na coleta (1,6 milhão de salários mínimos). Se fosse uma empresa, a “Coleta S A” estaria entre as 600 maiores do Brasil (Melhores e Maiores Exame 2006). Aproximadamente 170.000 pessoas estão envolvidas na coleta.
Esse tipo de reciclagem também economiza recursos naturais. A economia de energia elétrica para o país chega 1.976 GWh/ano ou 0,5% do total consumido. “Isso atenderia a demanda anual de uma cidade de mais de um milhão de habitantes, por exemplo, Campinas, SP – 1.898 GWh – ou a demanda residencial do Estado do Ceará – 2.178 GWh”, exemplifica. A reciclagem de alumínio poupa ainda a extração de 700 mil toneladas de bauxita.
A ABAL, fundada em 1970, já conta hoje com 69 empresas associadas. Ela pretende, segundo Nicola, incentivar uso de novas aplicações do alumínio e estimular a competitividade da indústria. Contribuir para a disseminação de produção limpa, publicar estatísticas da indústria, elaborar e divulgar normas técnicas e representar a indústria em todos os níveis do governo também são alguns dos principais objetivos.
Ela apresenta ainda um projeto chamado ABAL alumínio nas escolas. O projeto trabalha com estudantes de graduação e pós-graduação em Engenharia, Arquitetura, Logística e de escolas técnicas. Nele a ABAL apresenta programas de bolsas de estudo, convênios técnico-científicos, auxílios à pesquisa, visitas técnicas programadas, estágios, eventos, cursos, palestras,workshops, atualização de bibliotecas, desenvolvimento de materiais didáticos, capacitação de docentes. Com ele, segundo Nicola, a ABAL pretende disseminar conhecimento e fomentar o ensino, a pesquisa e a inovação tecnológica do alumínio no meio acadêmico.