São Paulo (AUN - USP) - O uso de lasers tem revolucionado o combate ao câncer, doença que atinge 400 mil pessoas por ano só no Brasil, de acordo com Daniel Ugarte, pesquisador do Centro de Pesquisa em Ótica e Fotônica de São Carlos. Ele explica que terapias tradicionais, como quimioterapia e radioterapia, são cada vez menos acessíveis e feitas por poucos centros, alem de terem fortíssimos efeitos colaterais. Por isso, cientistas têm trabalhado para aprimorar a nova técnica, que é mais moderna, eficiente e bem menos agressiva.

Devido à facilidade de interação de tecidos orgânicos com algumas freqüências de luz, o uso de lasers, estudado pela biofotônica, é um instrumento muito poderoso, talvez o único, para agir no nível molecular e destruir as células cancerígenas sem prejudicar o organismo do paciente.

A chamada terapia fotodinâmica, explica Ugarte, é uma combinação de luz, drogas e oxigênio. As moléculas da droga se concentram nas células tumorais, que não são capazes de digeri-la, e quando iluminadas adquirem energia. Ao encontrar com oxigênio, essas moléculas sofrem uma reação violenta que destrói a célula cancerígena.

De acordo com o pesquisador, é um processo simples e relativamente rápido, com uma recuperação fácil que não deixa cicatrizes, as células defeituosas são destruídas de dentro para fora e nenhuma célula saudável é atingida. Pode ser usado no combate a diversos tipos de tumor, como câncer de fígado, de boca e principalmente de pele, que é a forma mais comum da doença no país. Ugarte acredita que num país grande como o Brasil, que tem uma infra-estrutura de combate ao câncer muito ruim, é necessário que esse sistema mais simples e menos oneroso seja difundido. “A ciência tem as respostas”, ele diz.