São Paulo (AUN - USP) - O baixo custo no Brasil de animais utilizados para experimentações científicas é um fator positivo para as pesquisas no país em relação a outros lugares do mundo. O professor Vagner Roberto Antunes, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB), salienta a facilidade dos laboratórios brasileiros, se comparados aos centros de pesquisas do exterior, em adquirir ratos e camundongos que serão usados em testes de laboratórios e o baixo número de extremistas contra as experimentações.
A diferença de custo de, aproximadamente, 65% no preço dos animais usados em pesquisas laboratoriais no Brasil em relação a países como a Inglaterra e os EUA é um fator essencial que diferencia o modo com que a Ciência é feita em diferentes países. Um rato, por exemplo, custa cerca de 32 vezes menos no Brasil se compararmos ao preço do mesmo animal no exterior. Para Vagner Antunes, “um dos grandes benefícios dos pesquisadores brasileiros diz respeito à parte prática das pesquisas. Aqui, nós temos meios suficientes para que possamos treinar diretamente com animais”.
O pesquisador salienta que, apesar da facilidade existente no Brasil em relação à utilização de animais em pesquisas, é necessário que os cientistas ajam de maneira ética e responsável no decorrer das pesquisas. A Lei Arouca, que foi aprovada na Câmara dos Deputados e espera a votação do Senado, é um dos meios que possibilitarão uma melhor fiscalização do uso de animais em laboratórios. De acordo com Vagner, “é essencial que haja uma normatização da experimentação em animais e uma maior fiscalização de biotérios de centros de pesquisas brasileiros”, ambos defendidos também na Lei Arouca.
A questão extremismo contrário ao uso de animais em pesquisas também é um ponto importante e que favorece o Brasil nas pesquisas de experimentações. De acordo com Vagner Antunes, “o grande número de extremistas, em países europeus, contrários à utilização de animais em pesquisa é um dos fatores que dificultam alguns estudos. Já aqui no Brasil não há essa pressão sobre os pesquisadores”.
Apesar de países do exterior, principalmente da Europa, possuirem leis que permitem que os pesquisadores, desde que tenham licença para isso, façam todos os tipos de testes em animais e apresentem comissões, como a Home Office, que inspecionam biotérios e centros de pesquisas, há certo perigo em assumir publicamente que utiliza animais em pesquisas. De acordo com Antunes, “uma das coisas que ouvi de um pesquisador britânico quando cometi a gafe de dizer em público que utilizava ratos em pesquisas era que eu deveria dizer que trabalhava com voluntários e não com animais”. A ausência desse tipo de pressão no Brasil, unida ao baixo preço dos animais, são essenciais para a pesquisa brasileira por possibilitar uma grande liberdade na realização de pesquisas e no desenvolvimento das ciências produzidas em nossos centros tecnológicos.