São Paulo (AUN - USP) - Uma nova modalidade de ensino, baseada na aprendizagem ativa e caracterizado pela ausência das aulas expositivas, foi defendida em uma palestra no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) pelo professor Bayardo Baptista Torres, do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP (IQ). Além de apresentar esse método de ensino diferenciado, salientou a necessidade da aprendizagem colaborativa entre os alunos.
Há alguns anos, Bayardo Torres utiliza esse método de ensino baseado na ausência de aulas expositivas e garante que é um modelo que privilegia a aprendizagem do aluno. A estratégia de ensino é dividida em quatro módulos: apresentação de problemas aos alunos e feitura de uma lista de itens de estudo, discussões do tema proposto pelo professor em pequenos grupos, formação de grupos médios – geralmente com 20 alunos - para tentar resolver os problemas e, por fim, a volta ao problema inicial e revisão da lista de itens para estudo.
Esse método de apresentar um problema ao aluno e guia-lo a uma resposta é essencial para que desenvolva seu aprendizado. Para Bayardo, “se queremos [professores] que um aluno aprenda, não adianta apenas mostrar como um problema é resolvido, temos que apresentar as ferramentas que possibilitem ao aluno fazer essa descoberta”. A modificação do papel do educador é fundamental para que a aprendizagem dos estudantes seja completa. Nesse método, “o professor deixa de ser transmissor do conhecimento e passa a ser um orientador do aprendizado dos alunos”, afirma Bayardo.
A utilização de pequenos e médios grupos de alunos nesse método é essencial para que o professor possa acompanhar o desenvolvimento de cada aluno. Para Bayardo, a partir dessa fragmentação na sala de aula, “o professor pode orientar melhor o estudo e tentar diagnosticar o que está dificultando o entendimento do grupo sobre determinado assunto”.
A necessidade de um tempo maior de aula para que esse método seja desenvolvido é enfatizada pelo professor. “É necessário que tenhamos disponíveis, no mínimo, quatro horas para que possamos discutir em grupo o problema inicial e, posteriormente, discutir em grupos maiores e rever a lista de assuntos que devem ser estudados”. Esse período maior de aula é um dos empecilhos ao método, já que grande parte das disciplinas ministradas na USP, por exemplo, ocorrem em menos de três horas diárias.
Bayardo Torres enfatiza também que outro fator positivo do ensino sem aulas expositivas deve-se à valorização do trabalho em equipe. Para ele, a importância e a eficiência desse método são geradas por uma maior interação na sala de aula e um rompimento com a rígida hierarquização entre professores e alunos nas escolas. Nesse método, “os alunos interagem e são responsáveis pelo aprendizado coletivo”, garante o professor.