São Paulo (AUN - USP) - O atleta é visto como um investimento, conforme diz o professor Antônio Carlos Simões. Ele, que coordena o Laboratório de Psicossociologia do Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP), afirma que há um macrossistema do esporte de alto rendimento que pressiona o atleta por bons resultados. Isso ocorre em virtude de o esporte ter se tornado um modelo de realidade social institucionalizado e o atleta passa ao papel de produtor de riquezas nesse quadro.
Segundo Simões, há toda uma estrutura que pressiona o esportista. A sociedade, o clube, os invetsidores, a equipe, todos investem na formação do atleta de alto nível. Só que esse investimento pressupoe um retorno, o esportista, pois, torna-se uma espécie de máquina de alto rendimento, um agente primário da produção de riquezas. Esse macrossistema do esporte enacra o atleta sob o viés da relação custo/benefício.
Todo esse encargo social pesa na performance do atleta, tendo em vista que as exigências por bons resultados, tanto dos patrocinadores como de toda o macrossistema, gera ansiedade ou estresse. Em ambos os resultados, porém, esse peso não é de todo mal. Para o professor, tudo vai depender de como funciona a ativação e a inteligência do atleta, como ele lida com a pressão.
O estresse se torna produtivo no momento em que gera a ansiedade pré-competitiva, ou seja, quando esse estado emocional é apenas sitacional e promove a ativação do organismo do atleta por meio da tensão e da concentração. Por outro lado, essa situação pode levar ao esgotamento físico total. A fim de evitar esse segundo resultado, conforme Simões, tem-se trabalhado a inteligência emocional do atleta, ou seja, as partes cognitivas, sócio-afetivas e comportamental do esportista.
Essa pressão estressante pode ser mais bem vista no clássico exemplo do jogador de futebol que se tranfere de um time pequeno para um grande. Se esse jogador sabe trabalhar sua inteligância emocinal, ele utilizará o aumento de pressão como um fator motivacional, enquanto se ele não souber lidar com a pressão acabará não rendendo o mesmo que no time pequeno. Quanto mais aplo o macrossistema sobre o atleta é, maiores serão as exigências por desempenho e maior a pressão.
Contudo, o atleta não é uma reles vítima de um macrossistema opressor, uma vez que a entrada nessa estrutura é uma escolha do atleta. É certo dizer que não raras vezes ele recebe influências nessa inserção como a de parentes, mas, a final, cabe apenas ao esportista essa decisão. É o desejo do esportista por status social que o motivará a escolher se incluir nesse macrossistema do esporte de alto rendimento.