São Paulo (AUN - USP) - Ajudar o paulistano a encontrar uma rota melhor para seu destino no caótico trânsito de São Paulo é uma entre as várias aplicações de um projeto do departamento de Computação do IME/USP. O projeto Sidam tem como objetivo desenvolver um método eficaz de transmissão de informações para agentes computacionais móveis, ou seja, que não possuem um único lugar fixo, que poderia ser, por exemplo, um computador de bordo em um carro, ligado a terminais da CET.
O principal objetivo do projeto, entretanto, como ressalta o professor Alan Durham, é o de "fazer uma pesquisa mais abrangente sobre esses agentes móveis". Para tanto, foi escolhido um modelo que não utilizasse o telefone celular, pois ele é entendido pela central telefônica, em relação a sua posição, como apenas um número, de uma forma similar a uma linha residencial.
Uma grande central que concentraria todas as informações também foi descartada, pois um congestionamento das linhas de comunicação e da própria central poderia ocorrer com facilidade, além de tornar o sistema mais vulnerável a falhas. Problemas relacionados com a segurança de um único computador também foi levado em conta, pois seria mais fácil de se alterar todos os dados contidos em apenas uma máquina. Além disso, em caso de pane, a totalidade das informações poderia ser perdida. Em vez desse modelo, foi escolhido um sistema de vários computadores menores que conteriam apenas partes das informações.
Descobrir onde se encontram os dados solicitados, e onde se localiza quem pediu estas informações são uma das partes centrais do projeto, que poderá depois ser aplicada em outros casos, como em uma central de rádio-taxi ou ambulâncias. Como quem pede a informação não se encontra parado em único lugar, é necessário que o computador consiga determinar a localização deste agente móvel cada vez que precise enviar novas informações. Estes dados, por sua vez, precisam ser "achados" no meio de todos os computadores que formam o sistema.
As informações sobre o trânsito sofrem de um problema relativo ao seu tempo de validade. Uma determinada rua só fica congestionada por um determinado período. "Essa informação vai perdendo sua confiabilidade conforme passa o tempo, sendo substituída por outras, ou não", explica o professor Marco Gubitoso, também integrante do projeto. Como determinar o nível de confiabilidade de um dado que "apodrece" é, também, um dos objetivos a serem alcançados.
Os conhecimentos adquiridos na pesquisa podem contribuir, por exemplo, para o desenvolvimento de sistemas de compras para empresas com vários depósitos que cubram o mesmo território. Um vendedor que, na rua, necessitasse saber onde se localiza o estoque mais próximo que contenha a mercadoria que precisa, seria informado pelo computador. Para pequenas redes de lojas o sistema telefônico funciona relativamente bem, mas quando se trata de grandes redes, com depósitos espalhados por todo o país e um número elevado de vendedores, isso se torna mais complicado, tanto em relação à comunicação quanto ao controle dos estoques. Caso se trate de produtos perecíveis, o próprio sistema poderia informar quando os produtos estariam perdendo sua "confiabilidade".