São Paulo (AUN - USP) - Em despedida do Brasil, o professor visitante, Jean Pierre Goubert, da Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales de Paris, na França, apresentou o seminário Essência/ os sentidos da vida: saúde, família e espiritualidade. O seminário aconteceu no Instituto de Psicologia da USP, no dia 13 de junho.
Jean Pierre em seus apontamentos fez questão de ressaltar que todas as problematizações colocadas só podem ser vistas assumindo que há uma metropolização do mundo. Isso significa que, mais do que o fenômeno da urbanização na metade do século XX, hoje há uma metropolização, em que todos caminham para os grandes aglomerados urbanos, e as pequenas cidades tendem a se transformar e unir-se às metrópoles.
“Nesse contexto da metropolização é necessário pensarmos a respeito de três pilares da vida: saúde família e espiritualidade”, disse o professor. O contexto histórico modifica as noções humanas de tempo, suas crenças religiosas, e o como lidar com a questão da mortalidade, sendo a última uma das bases do pensamento em Psicologia.
A matéria-prima de seu trabalho é a lingüística e encerrou sua apresentação dizendo que a língua portuguesa, mais do que o francês, era a última “Flor do Lácio”. É a partir da língua que os fenômenos de modificação social tornam-se mais evidentes. Ele deu o exemplo do verbo ser e estar. Em francês, não existem essas diferenciações, mas quando analisada essa particularidade no português, pode-se enxergar o conflito entre o eterno e o efêmero do mundo globalizado.
O professor afirmou que fazia parte de uma escola de pensamento mais espiritualista do que materialista, no entanto, disse que o tema espiritualidade não abordaria as religiões, ou crenças propriamente ditas, mas um desejo comum do homem em transcender. “Em todos os grupos de alunos que trabalhei, em diferentes países, cada um a sua maneira mostrava um anseio em transcender, de ir além de si, e de repente encontrar-se no outro”. Para Pierre, e para os que estavam assistindo ao seminário, essa transcendência era uma recusa à “coisificação”.
O seminário que pretendia um espaço de questionamento e aproximação acabou com a promessa do Departamento de Psicologia em promover mais encontros entre a graduação e os departamentos de estudos sociais dentro do próprio campus e uma exaltação da hospitalidade brasileira pelo professor convidado que partia no dia seguinte para a França.