São Paulo (AUN - USP) - O cão sempre foi tido como o animal doméstico por excelência, chegando a atingir o status de “melhor amigo do homem”. Porém, nos últimos anos, esse posto passou a ser reivindicado por seu arqui-rival: o gato. A população de gatos tem crescido em todo o mundo e, em diversos países europeus e nos Estados Unidos, esse número já é superior ao de cães.
A domesticação dos gatos começou em torno do ano 4500 a.C.. Um dos primeiros registros da relação desses animais com os homens é do antigo Egito, onde os felinos eram adorados. Um exemplo dessa devoção era a deusa Baset, que tinha cabeça de gato e representava a fecundidade. “Os gatos no Egito também eram tidos como os guardiões da noite e dos mistérios da morte”, conta o professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP e médico veterinário Archivaldo Reche Júnior. Ainda na antiguidade, os gregos viam nos gatos um símbolo da virilidade e dos prazeres carnais.
Porém, essa relação teve fases de ódio. Na Idade Média, os gatos foram perseguidos, acusados de fazerem parte das “forças do mal” e de serem utilizados em ritos de magia negra. “Por ser associado a divindades antigas, a Igreja Católica demonizou os gatos e transformou-os em alvo de violência”, diz. Uma das conseqüências desse extermínio foi a Peste Negra, que causou uma mortandade assustadora na Europa.
Existem diversos mitos com relação ao comportamento dos gatos. “Muitos dizem que os felinos são anti-sociais e interesseiros. Isso é a maior injustiça possível. Pergunte a qualquer dono de gato se eles não choram quando o dono sai de casa ou fazem festa quando o dono chega”, afirma o veterinário. De acordo com ele, os gatos são, sem dúvida, mais independentes que os cães, mas “independência não quer dizer insociabilidade”.