ISSN 2359-5191

28/07/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 80 - Sociedade - Escola Politécnica
Projeto estuda a reabilitação de prédios abandonados para habitação de interesse social

São Paulo (AUN - USP) - A reabilitação de prédios antigos é um processo irreversível para todas as metrópoles, pois é a única maneira de revitalizar as regiões que estão abandonadas e, também, preservar a história da cidade. Diante dessa perspectiva, surgiu, há três anos, o Projeto Reabilita, que faz parte do Programa de Tecnologia de Habitação (HABITARE), do Ministério da Ciência e Tecnologia. Esse Projeto, que conta com a participação de professores e alunos, da Escola Politécnica da USP, estuda metodologias para otimizar a reabilitação dos prédios abandonados, nas áreas centrais das grandes cidades. A intenção é levar a população carente da periferia para ocupar essas regiões.

Nem todo projeto de reabilitação tem como objetivo a habitação de interesse social. A recuperação de prédios pode ser direcionada, também, para abrigar o comércio. A desvantagem é que as lojas, geralmente, revitalizam a região abandonada apenas durante o período em que estão abertas, enquanto que a moradia garante dinamismo o dia todo e, ainda, pode amenizar um problema social.

Outro objetivo da reabilitação é o aproveitamento de estruturas que, atualmente, a legislação não permite mais que sejam feitas, como, por exemplo, prédios sem recuo lateral. A demolição não possibilita essa preservação de estruturas, pois reutiliza apenas o terreno. A reabilitação representa, portanto, uma grande vantagem, principalmente para prédios situados nos locais mais valorizados, como a região central das cidades.

Essa área foi o foco do Projeto Reabilita, que envolveu, em sua primeira fase, três municípios: São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Na etapa inicial, o Departamento de Construção Civil, da Escola Politécnica da USP, colaborou com o suporte tecnológico. O objetivo era identificar equipamentos que pudessem facilitar o processo de renovação dos prédios. “Nós percebíamos que as tecnologias usadas, até então, eram muito artesanais”, explicou Mércia de Barros, professora da Escola Politécnica e integrante do Projeto Reabilita.

Essa primeira fase foi concluída e os resultados foram editados em manuais que buscam facilitar o trabalho de reabilitação dos prédios. Agora, está em andamento a segunda etapa do Projeto e ela se dedica a avaliar os custos dos processos de recuperação dos imóveis. Essa fase está enfrentando dificuldades para prosseguir, pois não há obras de reabilitação em prédios, de propriedade pública, ocorrendo na cidade de São Paulo. “A única reforma que sabemos que está acontecendo é a da Biblioteca Mário de Andrade, no centro da cidade, mas é uma reabilitação completamente diferente, pois é um restauro da biblioteca para biblioteca. Não há mudança de uso”, explicou Mércia.

O acompanhamento das obras é essencial para o estudo dos custos da renovação de um prédio, pois é preciso fazer medições que são inviáveis em laboratório. Por exemplo, não há como saber quanto custa a demolição de uma grande quantidade de alvenaria, sem acompanhar o processo de derrubada dessa estrutura. O objetivo da equipe da Escola Politécnica é levantar índices para facilitar o orçamento desse tipo de obra, mas, sem o acompanhamento das reformas, isso não é possível.

Outra característica do Projeto Reabilita é que ele é multidisciplinar, ou seja, envolve profissionais de várias áreas: engenharia, arquitetura e sociologia. Isso acontece, pois os estudos abordam não apenas o aspecto prático da reabilitação, mas, também, a avaliação pós-ocupação do prédio. É preciso estabelecer um contato com as pessoas que irão habitar os imóveis recuperados, para que as reformas atendam suas necessidades . “Esse projeto é um aprendizado muito grande, pois há vários aspectos que quem está só com a visão tecnológica não consegue enxergar”, afirmou Mércia.

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