São Paulo (AUN - USP) - O Grupo de Gestão e Tecnologia da Produção na Construção Civil, da Escola Politécnica da USP, está desenvolvendo uma pesquisa que busca avaliar fatores de interferência no uso da argamassa, como, por exemplo, o clima e a força empregada pelo operário, durante a aplicação. A intenção é, a partir dos resultados das análises, desenvolver novos materiais e métodos de produção que minimizem o efeito dessas interferências.
A argamassa é o material da obra que garante a aderência entre o revestimento e as superfícies de concreto armado. Se não houver compatibilidade entre essas estruturas ou se a aplicação do material for mal feita, a aderência é comprometida e as placas de revestimento podem cair e causar acidentes fatais. Para se chegar à composição adequada da argamassa, é preciso avaliar algumas características, como, por exemplo, a porosidade da superfície sobre a qual ela será empregada.
Os testes de aplicação da argamassa são feitos, nos laboratórios, em protótipos de estruturas de alvenaria. A última fase do estudo prevê a introdução dos novos materiais na construção. Porém, segundo Mércia de Barros, coordenadora da pesquisa, essa etapa é bastante complicada, porque perturba a dinâmica da obra. “Hoje, as construtoras estão em uma fase de produção intensa, o mercado está muito aquecido e elas não têm como tirar um operário das obras para realizar os testes”, explicou Mércia.
A pesquisa é realizada em parceria com algumas empresas do ramo da construção civil, que contribuem tanto com equipamentos e materiais para análise, quanto com recursos humanos. Os engenheiros das empresas, por exemplo, colaboram com o estudo, participando das reuniões técnicas. As indústrias se interessam bastante pela pesquisa, porque a análise e o desenvolvimento de materiais para revestimentos são atividades inovadoras. “Sempre se estudou muito estruturas de concreto, mas pouco se conhece sobre revestimentos”, afirmou Mércia.
Um dos grandes obstáculos para que esse estudo avance mais rapidamente é a saída precoce dos pesquisadores. O desenvolvimento de argamassa com fibras de polipropileno é um exemplo de projeto que ainda não foi concluído, porque a aluna que se dedicava a ele, abandonou a pesquisa, depois de uma oferta de emprego. “O nosso pessoal, que poderia vir para a iniciação científica, está no mercado, porque hoje se paga, para um estagiário, o dobro ou, às vezes, o triplo do valor da bolsa de pesquisa”, explicou Mércia.