ISSN 2359-5191

30/07/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 82 - Saúde - Instituto de Biociências
Alimentação com transgênicos faz parte da história do homem

São Paulo (AUN - USP) - Não existe nada mais velho do que o cultivo de alimentos transgênicos. Pouca gente sabe, mas o plantio de organismos geneticamente modificados surgiu juntamente com a agricultura, quando o homem passou a colher sementes e a escolher as melhores linhagens de grãos. É graças à mutação genética que existe grande parte dos alimentos que vão à mesa hoje.

Segundo a professora Marie-Anne Van Sylus, do Instituto de Biociências da USP, apesar de a idéia de mutação possuir uma conotação negativa no imaginário popular, é ela a responsável pela diversidade do que se encontra na natureza. “O milho, por exemplo. Todos pensam que é natural, mas é fruto da manipulação do homem. A espiga não sobrevive na natureza se não houver o homem ao lado para disseminar a semente”, diz.

O processo de melhoramento genético de plantas já é velho conhecido. Nas primeiras experiências a mutação era feita através do cruzamento de diferentes espécies. Do resultado, selecionavam-se os descendentes híbridos (com as características dos dois vegetais cruzados) e cruzavam-se novamente para obter o resultado esperado. “O problema desse método é que demorava o tempo do ciclo de reprodução do vegetal. Muitas vezes, ao mesmo tempo em que se selecionava um gene contra uma praga, a praga sofria mutação e tornava a nova espécie ineficiente”, diz a professora.

Já os métodos mais modernos introduzem o gene desejado diretamente na cadeia de DNA da célula, com um ganho substancial de tempo. A professora conta que existem dois métodos feitos em laboratório: um método físico-químico e a chamada eletroporação. No primeiro há um bombardeamento na célula do DNA a ser introduzido; já no segundo, dá-se um choque na célula, provocando a abertura de poros na membrana e permitindo a entrada do DNA. Depois de feita a inserção do gene, há ainda a necessidade de se multiplicar as células e confirmar o sucesso do procedimento. Só então a planta pode ser comercializada.

Para Marie-Anne, o debate sobre transgênicos hoje é permeado pela falta de informação. “Há um problema de educação que vem desde o ensino fundamental. Muitos professores não buscam informação atualizada”, diz. Segundo ela, os jornalistas até querem fazer divulgação científica, mas muitas vezes não tem uma base de conhecimento para isso. Ela cita também cientistas bem informados, que, ao defender certos grupos de interesse, acabam gerando mais desinformação.

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