ISSN 2359-5191

04/08/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 84 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Biociências
Centro do Genoma Humano já tem projetos de pesquisa com células-tronco embrionárias

São Paulo (AUN - USP) - O Centro de Estudos do Genoma Humano pretende começar a fazer estudos com células-tronco embrionárias, após a aprovação definitiva da Lei de Biossegurança no Supremo Tribunal Federal (STF). A lei garante a liberação das pesquisas com embriões não utilizados e congelados há pelo menos três anos. Por enquanto, o Centro ainda não tem linhagens próprias, mas recebeu algumas de Harvard para começar os estudos no Brasil.

Segundo a pesquisadora do Instituto de Biocências da USP (IB-USP) e do Centro de Estudos do Genoma Humano, Natássia Vieira, a tecnologia para manter uma cultura de células-tronco embrionárias no Brasil já existe, mas ainda não está nesses laboratórios. As clínicas de fertilização, entretanto, dispõem dos micromanipuladores necessários às pesquisas. É preciso fazer parcerias com as clínicas para conseguir o material dos estudos – os embriões que seriam descartados.

Natássia lembra que “é um projeto de risco”. É bastante complicado fazer a cultura de células-tronco adultas. Com as embrionárias é ainda mais difícil. Isso não faz diminuir o interesse e a importância dos estudos com essas células. A pesquisadora diz que o estudo da patologia não pode ser feito de forma plenamente satisfatória com as cálulas-tronco adultas, pois estas têm genes silenciados. Nas embrionárias, “a gente pode ver como é uma célula zero quilômetro”, anima-se. Só assim é possível entender melhor o desenvolvimento das doenças genéticas, por exemplo, e também otimizar os resultados na diferenciação de células nas terapias gênicas. Os embriões utilizados para as pesquisas serão aqueles em que são feitos os diagnósticos e detectadas doenças graves ou mesmo incompatibilidade com a vida.

Para a cientista, o resultado no STF é uma vitória da sociedade. O Brasil deixou de ser apenas espectador na área. Natássia se diz otimista, pois acha que “as pesquisas vão abrir muitos novos caminhos”. Neste ponto, destacou a importância que a patogênese (o estudo de como surge a doença) pode ter no tratamento, e como as novas linhas abertas contribuem com isso.

O Centro de Estudos do Genoma Humano já tem algumas linhas que estudam células-tronco adultas. Daniela Bueno, uma de suas pesquisadoras, já obteve resultados no tratamento de fraturas ósseas em cabeças de ratos. Foram tiradas células-tronco do músculo obicular do lábio (logo acima da boca) e implantadas em roedores com defeito crítico. Foi, desta forma, possível regenerar o osso. Quando o ferimento fechou, células humanas puderam ser detectadas nas cabeças dos modelos animais. Há ainda uma linha de pesquisa com células-tronco de cordão umbilical, feitas por Eder Zucconi e Marianne Secco. As pesquisas são coordenadas por Mayana Zatz, do Laboratório de Doenças Neuromusculares, e Maria Rita dos Santos e Passos-Bueno, do Laboratório de Genética de Desenvolvimento Humano.

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