São Paulo (AUN - USP) - O atleta é o centro de criação de seu sucesso, segundo a pesquisadora americana Rebecca Lewithwaite. Em palestra recente realizada na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP), Rebecca colocou o contexto social em segundo plano no processo aprendizagem motora do atleta e destacou o fator “eu”. Isso ocorre, pois essa aprendizagem está vinculada à motivação do atleta e às suas emoções.
Os principais aspectos para o sucesso esportivo, segundo Rebecca, são o esforço e a habilidade do atleta. O primeiro é exigido na repetição exaustiva na aprendizagem e no treinamento a fim de se chegar próximo à perfeição, enquanto o segundo é condição imprescindível para esse objetivo.
Contudo, esses aspectos não surgem naturalmente do interior do atleta, conforme a pesquisadora norte-americana. De fato, eles são frutos das emoções do esportista e de suas interações com o contexto social, o que constrói a motivação do atleta. Por sua vez, a motivação tem uma relação direta com a qualidade, a velocidade e a facilidade da aprendizagem motora, pois quanto mais motivado está o esportista mais esforço ele desprenderá no seu treinamento.
Para Rebecca, a motivação advém tanto do meio social como do próprio atleta. Esta segunda via, porém, tem maior relevância, tendo em vista que é o “eu” do atleta que se manifestará emocionalmente quando recebe o que a especialista chama de feed-back, o retorno do público em relação à performance do esportista.
O desempenho do atleta é sempre influenciado por quem lhe assiste, o público gera emoções no esportista, as quais podem interferir de maneira positiva ou negativa na aprendizagem, dependendo apenas de como o esportista aprende a lidar com situações tais quais a pressão e o incentivo.O lado emocional é o que pesa mais para o desempenho. Segundo Rebecca, a prática esportiva é uma experiência de emoções: o atleta tem de lidar com emoções antes, durante e depois da performance.
Outro ponto em que o fator “eu” é bastante importante se encontra na percepção da habilidade, no quão capaz de realizar uma performance o atleta acredita que é. Rebecca afirma que há basicamente duas maneiras de se perceber a habilidade: o feedback e a comparação com o desempenho de outros esportistas. Cada atleta interpreta esses aspectos a sua maneira, essa percepção de habilidade, pois, impacta a aprendizagem no momento em que motiva ou desmotiva. Para a pesquisadora, em todo caso, por mais externo que pareça a motivação para o esforço, cabe ao atleta entender o estímulo como um fator motivacional que influirá no seu sucesso.