ISSN 2359-5191

16/09/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 85 - Educação - Instituto de Matemática e Estatística
Licenciaturas não dão conta da demanda por professores qualificados

São Paulo (AUN - USP) - A importância dos cursos de Licenciatura está na sua essência: são eles os responsáveis pela formação dos professores para ensino básico. O último estudo do Conselho Nacional de Educação aponta que faltam 235 mil educadores qualificados para atuar na rede pública de todo o Brasil, isso somente no segundo ciclo do Ensino Fundamental (da 5ª a 8ª série) e no Ensino Médio.

O problema é que a taxa de alunos que se forma e quer lecionar não é equivalente à taxa de professores que se aposenta. A professora e coordenadora do curso de Licenciatura em Matemática, Iole de Freitas Druck, do IME (Instituto de Matemática e Estatística da USP), diz que a carreira não atrai alunos porque a profissão do professor é desvalorizada profissionalmente por conta dos baixos salários.

Parte dos alunos que prestam vestibular para a licenciatura na USP são motivados não pela vontade de dar aulas, mas simplesmente pela possibilidade de ingressar em uma faculdade pública. Devido ao menor interesse e, portanto, à menor concorrência, as notas de corte desses cursos são mais baixas, o que acaba atraindo principalmente os alunos das escolas públicas, que apostam nas licenciaturas pela maior facilidade de ingresso. Na Fuvest 2008, o vestibulando para Licenciatura em Letras precisava de 40 pontos para ir à segunda fase, o de Matemática ou Física, de apenas 30. Cursos como Administração e Ciências Biológicas exigiam de seus candidatos pelo menos 61 pontos.

Quase metade dos ingressantes do curso de Licenciatura em Matemática é da escola pública e, por isso, eles possuem falhas de conteúdo bastante evidentes, que atrapalham sua evolução no curso. Sem o domínio dos fundamentos básicos, é quase impossível acompanhar as matérias do ensino superior.

Além disso, a própria concepção dos alunos em relação à Matemática é deturpada, tecnicista, fruto da formação desqualificada dos professores com os quais tiveram aula no ensino básico. A professora Iole analisa que isso também colabora para a baixa procura pelo curso, porque não desperta o interesse dos alunos com potencial para as carreiras matemáticas e ainda desenvolve preconceitos com a matéria, “cria-se o mito de que Matemática é difícil e afasta-se essa ciência da vida das pessoas”, afirma.

Por isso, é preciso que haja na Licenciatura o desenvolvimento de novas maneiras de se ensinar. Muitas vezes, o professor opta por passar apenas a fórmula matemática para o aluno porque não sabe outra maneira de explicar aquele conteúdo. A professora condena esse hábito, pois “fica parecendo que a Matemática não tem nada a ver com pensar, mas apenas decorar, o que é exatamente a subversão do que a Matemática deveria ser”.

Ela lamenta: “A Matemática na escola está um caos”. E esse quadro se repete nos outros cursos de Licenciatura também. Para tentar reverter essa situação, a pró-Reitoria de Graduação promoveu uma reforma na composição dos estágios de Licenciatura nas escolas públicas, que agora devem ser de 300 horas mínimas por curso e feitos em escolas conveniadas, promovendo um contato maior entre elas e a universidade. No IME, foi criada a disciplina “Matemática na Educação Básica”, que aborda questões da educação logo nos primeiros semestres para que o aluno se familiarize com a problemática da área no Brasil e seja capaz de romper com esse ensino deturpado da Matemática, aproximando-a como ferramenta útil para a vida das pessoas.

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