São Paulo (AUN - USP) - Quando o assunto é saúde, um dos pontos mais abordados é a obesidade. Sem dúvida, o excesso de peso traz diversos malefícios para o corpo como dores na coluna, hipertensão e problemas cardíacos, por exemplo. Porém, de acordo com a médica veterinária Márcia Marques Jericó, a tendência que alguns animais têm à obesidade é devida a um grande processo evolutivo que aumentou a eficiência dos organismos. As formas de conter as conseqüências dessa vantagem biológica e evitar o ganho excessivo de peso dos animais domésticos foram o tema da palestra ministrada recentemente por Márcia na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.

Um dos maiores desafios dos animais na natureza é a obtenção de alimentos. A competição com outros indivíduos e a ameaça constante dos predadores fez com que os animais melhorassem o aproveitamento da comida. “Com a evolução, os animais passaram a comer mais para se sentirem saciados e o metabolismo passou a consumir menos energia. Os organismos foram se tornando cada vez mais eficientes”, diz Márcia.

Essas adaptações, no entanto, são prejudiciais na vida moderna. “Não há mais limites impostos pelo ambiente para a alimentação dos animais domésticos, pois os donos sempre fornecem comida. E como esses animais custam a se saciar, acabam comendo demais”, afirma a veterinária. Além disso, por terem o “metabolismo econômico”, gastam menos energia para realizar as funções vitais.

Os animais domésticos ainda padecem de outro mal: a falta de atividades físicas. “Os pets não precisam mais correr atrás da comida, fugir dos predadores e buscar – ou construir – abrigos. Assim, além de toda a eficiência do corpo, os animais não precisam mais lutar contra o ambiente”, conta a veterinária.

É responsabilidade do dono conter o ganho de peso de seu animal. “Corta o coração ver o bichinho pedindo comida. Mas ele não tem fome, ele sente é vontade de comer”, brinca a médica. Para ela, os proprietários devem oferecer comida duas ou três vezes ao dia e evitar os chamados snacks, como os “bifinhos”. “Esses alimentos são ricos em açúcares e gorduras que, além de não saciarem os animais, engordam muito”. Outra obrigação do dono é estimular a atividade física, pois, segundo a veterinária, essa é a melhor maneira de manter o peso ideal, além de trabalhar a musculatura e os sistemas cardíaco e respiratório do animal.