São Paulo (AUN - USP) - “Paz, Direitos Humanos e Inclusão Social” é o tema da 12ª edição do Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa. O evento acontece este ano no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entre os dias 17 e 20 de setembro.
Para participar das conferências e mesas de debates foram convidados palestrantes de toda a comunidade dos países de língua portuguesa. Serão abordados temas como “Medicina, Reabilitação e Fisioterapia Esportivas”, “Aprendizagem Motora” e “Psicologia do Esporte”.
Para falar sobre este último assunto, Kátia Rubio, professora associada da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), é uma das convidadas. Sua participação justifica-se por ela ser presidente da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte.
Segundo Kátia, a imagem que se tem da psicologia do esporte é aquela voltada para o alto nível, que visa o rendimento dos atletas de ponta. Essa perspectiva, para ela, é mecanicista e não aborda toda a problemática da área, que, além da conquista de bons resultados em competições, engloba a preparação de atletas dentro de uma conjuntura não necessariamente direcionada às vitórias e, mais ainda, a idéia do esporte como instrumento de cidadania.
O objetivo da professora no Congresso será expor sua visão de psicologia esportiva não só ligada com a busca por alto rendimento, mas também “uma psicologia humanista, que entende o ser humano na sua complexidade, no seu contexto, para produzir ações sociais”.
Ela ainda tentará mostrar as particularidades do Brasil dentro desse campo. Em relação aos demais países, Kátia afirma que “há uma ausência de recursos na maioria das modalidades, mas existe uma capacidade do técnico e do atleta brasileiros de desenvolver estratégias criativas para superação de dificuldades”.
Mas a palestra não terá um viés romântico sobre desenvolvimento esportivo brasileiro. A professora tentará mostrar, também, o que o país traz de singular no que diz respeito às falhas, como a ausência de aulas regulares de educação física nos primeiros anos da vida escolar das crianças, prática muito desenvolvida em grandes potências esportivas como China e Estados Unidos. Nessa fase de aplicação de esporte, a professora vê como essencial a participação do psicólogo para ensinar a lidar com a derrota e para determinar os limites dos jovens, impostos por fatores como seu próprio ciclo vital, que não deve ser desrespeitado por exigências para a produção de resultados.
Na sua exposição, Kátia pretende utilizar exemplos dos Jogos Olímpicos de Pequim, realizados no mês de agosto deste ano. Mas é difícil traçar uma relação entre as competições em si (que visam o alto rendimento) e o esporte como inclusão social. Ela acredita que tal aproximação só é possível em elementos que circulam o evento e servem como estímulo para a prática esportiva: “o comportamento combativo de um atleta que vai a busca de seus direitos, ou aquele que superou uma lesão e atingiu os seus objetivos, ou mesmo aquele que abandona a prova, mostrando sua uma condição humana”.