São Paulo (AUN - USP) - A fim de dar a devida importância às sociedades caboclas amazônicas, discriminadas econômica e academicamente ao longo dos anos, o Instituto de Biociências (IB) está organizando um ciclo de palestras, nos dias 23 e 24 de maio, intitulado “Sociedades Caboclas Amazônicas: modernidade e invisibilidade”. Este ciclo será apresentado por palestrantes de universidades paulistas, paraenses e estrangeiras, de diferentes áreas do conhecimento, conferindo uma perspectiva interdisciplinar ao evento, pela presença de ecólogos, antropólogos, pesquisadores e biomédicos.
O título “modernidade e invisibilidade”, deve-se ao fato das sociedades caboclas serem, acima de tudo, sociedades modernas, por terem surgido em um momento histórico que assim o determina. A “invisibilidade”, explica o pesquisador Rui Murrieta, consiste “no esquecimento da população cabocla quando se fala em Amazônia, e restrição às questões indígenas e de ocupação territorial”.
A própria utilização do termo caboclo será discutida no seminário. Ela é combatida por parte dos estudiosos porque não determina identidade étnica: apenas discrimina aqueles que não são índios nem brancos. Por outro lado, esta é a melhor expressão que pode ser dada ao campesinato amazônico. “De certa maneira, o Brasil é uma sociedade cabocla, já que é uma compreensão simultânea de várias sociedades culturais”, garante o professor Rui, que dará a palestra “Eu Adoro Flores!: Estética, Experimentação Agrícola e Gênero nos Jardins de Comunidades Ribeirinhas do Baixo Amazonas”.
O IB também organizou um workshop fechado, em que serão reunidos pesquisadores para discutir pontos relacionados a esse tema. Ao seu fim, pretende-se publicar um livro, uma vez que não existe nenhuma obra completa em português sobre as sociedades caboclas amazônicas.
O ciclo de palestras será aberto ao público, e sua linguagem será acessível para qualquer leigo. Contudo, o enfoque é voltado principalmente para os profissionais e estudantes da área das Ciências Sociais, Biológicas e Ambientais. O ciclo é fruto do trabalho da pesquisadora do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos, Cristina Adams, com colaboração do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental (Procam-USP) e da Associação de Profissionais em Ciência Ambiental (Acima). O evento será realizado no Anfiteatro Acadêmico da Administração do Instituto de Biociências da USP, e não há necessidade de fazer inscrições.