São Paulo (AUN - USP) -Considerados modelos de integração social, a Educação Física e o Esporte sofrem com a falta de projetos condizentes com a realidade brasileira. Em seminário sobre as conquistas da Educação Física realizado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Antônio Carlos Simões, docente da Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), lamentou a falta de planos de gestão pública voltados para a área. Para ele, os projetos existentes são feitos no sentido ‘macro’, sem conhecimento das características socioculturais de uma comunidade.
“O professor segue uma cartilha que vem da Secretaria de Educação, independentemente da situação da escola. Não se conhece a realidade do estado ou as características socioculturais de uma cidade”, justificou Simões, alegando que os programas não vão para o ‘micro’. O professor de Educação Física, principal interessado, não é ouvido. “Escutam o deputado e o representante da comunidade, mas não quem trabalha diretamente com isso. Gastam-se milhões e não se tem o retorno que o professor deve ter”.
Em combate à falta de projetos está a presença de ONGs. Trabalhando em pró da socialização dos jovens, a Caravana do Esporte é um exemplo de uma organização considerada benéfica. “Contribui para a formação das crianças, possibilitando que estabeleçam um norte em suas vidas”, analisou o entrevistado. “Se dependermos apenas do que vem do institucional, complica”.
A respeito da atuação profissional na área, Simões defende a efetivação dos professores e uma carga mínima de 25 horas semanais. Assim, se teria maior convívio com a comunidade, além de tempo para conhecer a criança, seus pais e programar as aulas. “Seria fundamental [a efetivação]. O professor faz todo o acompanhamento para a prática esportiva, mas, dando aula em várias escolas, ele não tem tempo para se programar”. Para ele, o contato com os alunos é importante também fora do horário letivo.
Responsável pela parte educacional e pelo desenvolvimento do esporte escolar, o docente é fundamental na chamada ‘prática esportiva escolar’. Esta se resume em atividades fora do conteúdo das aulas, como a montagem de equipes para a participação em torneios organizados pelas DRE (Delegacias Regionais de Ensino). Simões diferencia isto de ‘prática escolar esportiva’, que é o conteúdo programado e aplicado em aulas.
O docente finalizou explicando que o Esporte como disciplina não pode ser desvinculado da Educação Física. Alegou que ambos estão em uma área denominada ‘ciência do esporte’. Considera que ambos são interdependentes. “Tanto a Educação Física quanto o esporte fazem parte da vida das pessoas. Um não vive sem o outro”. Simões afirmou ainda que defende uma reforma curricular para os cursos superiores da área. Atualmente separados, Educação Física e Esporte seriam unidos em um núcleo básico nos dois anos iniciais e, após este período, os alunos escolheriam o caminho a seguir.