São Paulo (AUN - USP) -A sustentabilidade no desenvolvimento das grandes aglomerações urbanas, ou seja, maneiras de combinar um contínuo desenvolvimento social e econômico com a preservação do planeta. Esses foram os temas discutidos em palestra do professor Geraldo Gomes Serra na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da Universidade de São Paulo. O evento foi parte de um Ciclo de Palestras organizado pela Solvin, empresa européia que é referência em projetos de arquitetura sustentável.
O professor deu início à palestra explicando que a idéia de sustentabilidade nas cidades não é nenhuma novidade. Segundo ele, a humanidade vem repensando as maneiras de se organizar há pelo menos 300 anos, visando a melhora nas condições de vida nas áreas urbanas. O problema, todavia, é que as idéias de desenvolvimento sustentável só foram parcialmente aplicadas em países desenvolvidos. As nações mais pobres, depois de anos de exploração e colonização, foram obrigadas a se desenvolver desordenadamente para se adequar ao mundo contemporâneo. Os resultados, segundo Serra, podem ser vistos em situações degradantes como favelas e rios poluídos.
Em seguida, o palestrante abordou os princípios do desenvolvimento sustentável. De acordo com o professor, para que uma aglomeração urbana se desenvolva continuamente sem agredir o meio, é necessário que haja acesso prático a fontes de água, a energia elétrica e materiais essenciais para o homem moderno. Para que ocorra a manutenção do sistema e não haja a chamada “entropia” (desorganização) no desenvolvimento urbano, deve-se ter esgoto tratado, coleta seletiva de lixo e meios de reutilização de entulho. Isso, todavia, são apenas as diretrizes primárias de um sistema muito complexo, nas palavras de Serra.
Outro tema abordado pelo professor foram as perspectivas futuras de urbanização. Em meados do século XXI a Terra terá nove bilhões de habitantes e mais da metade deles habitará as chamadas “grandes áreas urbanas” (conglomerados com mais de cinco milhões de habitantes). A menor parte estará na América do Norte e Oceania (4,5% e 0,5%, respectivamente), enquanto a maior parte estará na Ásia e na África (60% e 19%). O crescimento populacional desordenado nesses dois últimos, aliás, é a maior preocupação para o desenvolvimento sustentável, já que a pobreza de seus países e a falta de comprometimento de seus governos com a sustentabilidade não permitem que haja crescimento respeitando o meio-ambiente e a sociedade.
Por fim, o professor falou sobre o futuro da cidade de São Paulo. Ele afirmou que a população se estabilizará nos próximos anos, já que a cidade tem muitos problemas com água, lixo e mobilidade e isso torna a cidade cara.
Geraldo Gomes Serra, formado em Arquitetura pela própria FAU e professor titular da escola, é um dos mais respeitados arquitetos do mundo. Ele é membro da Federação Mundial de Cientistas e chefe da equipe que trabalha no painel de pesquisas “Limites do Desenvolvimento”, sobre processos sustentáveis nas chamadas “megacidades”.