São Paulo (AUN - USP) -As empresas que criam e desenvolvem novas tecnologias têm adotado uma nova maneira de inovar seus projetos: é a chamada “inovação aberta”. O conceito foi criado por um professor da Harvard Business School baseado em experiências na Xerox em que empresas não necessariamente do mesmo ramo realizavam trocas de conhecimentos entre o desenvolvimento de suas pesquisas. A prática existe há mais de 40 anos, mas atualmente, com as possibilidades mais variadas de trabalho em conjunto e de troca de informações, as empresas de tecnologia têm criado mais parcerias entre si e com instituições governamentais de pesquisas.
Segundo o diretor da HP Lab Rich Friedrich, de um grupo avançado de pesquisa em Hawlett-Packard, “a inovação aberta permite que se criem muitos grupos com focos na área de tecnologia e que se compartilhem os riscos e suas operações”. A HP criou uma divisão específica para essa prática, o Oppen Inovation Office, que foi apresentado recentemente em palestra de Friedrich na Escola Politécnica (USP).
As pesquisas e o desenvolvimento no modelo de inovação aberta permitem que pesquisadores de uma empresa implementem as descobertas da empresa ou o órgão parceiro no desenrolar do projeto, mesmo que as principais idéias já tenham sido selecionadas. Friedrich explica que o modelo tradicional de criação de novas tecnologias e inovação parece-se com um funil: no início várias idéias são colocadas, e ao longo das pesquisas elas vão sendo descartadas conforme viabilidade técnica e financeira, até sobrarem poucas, que vão dar início ao desenvolvimento de fato do novo produto.
Com a troca constante proposta pela inovação aberta, é como se a esse funil fossem acrescentados furos, por onde entram idéias importadas de outras experiências e por onde podem entrar idéias antigas, porém repensadas. A Procter & Gamble criou o conceito de “desenvolver e conectar”, ligado à idéia de que nem toda inovação deve ser totalmente produzida pela empresa.
Ao contrário do que muitos pesquisadores e instituições temem, a propriedade intelectual é respeitada, apenas depende do acordo que é feito entre as empresas, os pesquisadores e as universidades. “Se um professor de uma universidade cria algo, o que é da parte da universidade é dela, e o que a HP tem é da HP; o que é criado em parceria pertence a ambos”, afirma Friedrich. O diretor da HP Lab entende que essa é uma forma de “aproveitar a sabedoria da população em inovações”.
Friedrich conta que a HP investe US$ 3,5 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento, sendo que US$ 100 mil vêm para o Brasil. Atualmente a HP colabora na inovação de tecnologia com empresas da Alemanha e têm centros de excelência para desenvolvimentos em parceria.