São Paulo (AUN - USP) -Mulheres atendidas pelo SUS podem ficar sem vagas nos hospitais no momento do parto. Foi o que revelou a representante do Comitê de Combate à Mortalidade Materna de São Paulo durante debate eleitoral na Faculdade de Saúde Pública da USP, recentemente. O debate, que contou com a presença de Soninha Francine (PPS), Ivan Valente (PSOL), Ubiratan de Paula Santos (representando Marta Suplicy, do PT) e Renato Reichmann (PMN), discutiu as propostas dos candidatos a prefeito no campo da saúde pública na cidade.
Criado pelo ex-prefeito José Serra e mantido por Gilberto Kassab, o programa Mãe Paulistana é uma das principais bandeiras da campanha de reeleição do atual prefeito. Apesar de oferecer todo o acompanhamento pré-natal e assistência durante o primeiro ano de vida, o programa ainda não conta com a reserva de um quarto de hospital. O que está previsto é a visita da gestante ao local onde deverá ser feito o parto, porém, a disponibilidade do leito fica por conta do hospital.
Em resposta ao apelo do Comitê, os candidatos presentes apresentaram suas propostas. Soninha Francine foi breve, mas manifestou-se a favor da vinculação do pré-natal à internação: “Não adianta nada visitar o hospital antes se não houver vagas no momento do marto.” Já Ubiratan defendeu o modelo da rede particular de saúde como exemplo a ser seguido: “Nos planos particulares, o mesmo médico do pré-natal, que acompanhou a mulher durante toda a gestação, faz o parto. O mesmo deveria acontecer na rede pública.”
Para Renato Reichmann, o problema está na falta de planejamento. Tanto na saúde quanto nas outras áreas, o candidato acredita que as medidas imediatas são supervalorizadas, enquanto o planejamento é ignorado. “É preciso sentar e analisar as necessidades da cidade, para construir um plano e então agir.”
O candidato Ivan Valente não comentou o caso específico das gestantes, mas defendeu a criação de um plano municipal de saúde, que englobaria todos os setores.
Do outro lado
Em pergunta aos candidatos, uma estudante de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH) revelou o medo e a insegurança dos alunos do curso. A especialização foi recriada em 2004, após a extinção dos cursos universitários de obstetrícia durante a década de 1960. Hoje, estão sendo formados novos profissionais exclusivamente dedicados a essa área. “A primeira turma se forma este ano, e ainda não sabemos como seremos inseridos no sistema público de saúde. Afinal, não queremos ser obrigados a atuar apenas no sistema privado.”
Nenhum dos candidatos respondeu ao questionamento da estudante, nem de outros especialistas (nutricionista e fisioterapeuta também criticaram suas participações no sistema público). Em geral, os políticos mostraram-se favoráveis à integração das diversas especialidades médicas, porém não especificaram como isso seria feito.