São Paulo (AUN - USP) -Agora, pesquisadores do Sistema Neuromuscular humano poderão contar com uma nova tecnologia. Cientistas do Laboratório de Engenharia Biomédica da Escola Politécnica da USP desenvolveram um software livre on-line. Ele será capaz de simular as etapas fundamentais do processo de ativação dos músculos, a partir dos comandos cerebrais que ativam a medula espinhal até o envio dos mesmos para a musculatura.
Desde 2005, o pesquisador Rogério Rodrigues de Lima Cisi e o professor André Fabio Kohn trabalhavam no desenvolvimento desse projeto. Durante todo o estudo, os pesquisadores tiveram o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que além de ceder bolsas de Doutorado, também destinou verba para a compra de dois servidores.
O simulador desenvolvido na Poli/USP permitirá a geração de conhecimentos na área de neurofisiologia, sendo capaz de reunir todas as informações já descobertas nesse campo. “O simulador está voltado a pesquisadores que estudam doenças que afetam o sistema nervoso e a musculatura. Por intermédio de simulações, são representadas medidas não invasivas realizadas em laboratório ou em clínica”, diz Rogério Cisi.
Para o desenvolvimento da pesquisa, Kohn e Cisi utilizaram os protocolos de testes já existentes no Laboratório de Engenharia Biomédica, os quais já tinham informações prévias, que visavam modelar matematicamente importantes sinais eletrofisiológicos. Posteriormente, esses sinais foram postos em um software e agora estão disponíveis em algoritmos do sistema de simulação. A distribuição do simulador neuromuscular como software-livre faz com que outros colaboradores possam avançar o programa desenvolvido pelos cientistas da USP.
O simulador poderá ser utilizado, entre outras aplicações, para avaliar os efeitos de perdas de unidades motoras na medula espinhal ou para verificar a diminuição do seu controle pelos comandos cerebrais. Além disso, poderá colaborar com a identificação de algumas das possíveis causas de tremores dos músculos diagnosticados pelos neurologistas.
“A ferramenta permite analisar as causas neuronais e sinápticas que geraram uma dada atividade elétrica ou mecânica, incluindo a avaliação de reflexos medulares em função da atividade de todos os neurônios da medula espinhal e de todas as fibras musculares envolvidas nesse processo”, explicou André Kohn.
Devido à sua relevância para a área biomédica, o simulador já foi tema de palestras em congressos e seminários em Lyon, Turim e Londres. E sobre ele, foi publicado um artigo no Journal of Computational Neuroscience, em maio de 2008, considerado um dos periódicos mais respeitados na área de neurociência computacional.