São Paulo (AUN - USP) -Atividade física, combate ao tabagismo e melhores hábitos alimentares. Para o presidente da Associação Médica Brasileira (AMP), José Luiz Gomes do Amaral, estas são as chaves para a melhoria da saúde pública paulistana. Ao invés de combater doenças pontuais, a aposta do especialista é mudar o estilo de vida da população.
Em evento promovido pela Faculdade de Saúde Pública da USP, especialistas da área de saúde discutiram os rumos do tabagismo na cidade e tudo o que já foi alcançado. Entre as conquistas, está o Certificado Prata de Ambiente Livre de Fumo, entregue à Faculdade de Saúde Pública recentemente. “Não ganhamos o certificado Ouro porque ainda é permitido fumar nos espaços abertos do campus.”, explica Izabel Maria Bicudo, professora doutora da faculdade, que garante que os esforços continuarão. A faculdade é a primeira da Universidade de São Paulo a receber o certificado.
Mais do que um problema pontual de saúde, o tabagismo está ligado a hábitos de vida, e por isso é tão polêmico. O presidente da AMP ressaltou a importância da educação para a saúde, que considera ser a única solução na luta contra o cigarro: “Doenças do estilo de vida são muito mais difíceis de combater do que males visíveis, como bactérias ou vírus, porque é preciso lutar contra a desinformação.”
Tornar os ambientes públicos livres do fumo é um passo enorme a favor da saúde. Isso porque quem não fuma acaba tendo seus pulmões igualmente prejudicados pela fumaça, ou seja, o fumo deixa de ser um mau hábito pessoal para se tornar uma ameaça à saúde pública.
Além disso, na opinião do superintendente do HC, José Manuel de Camargo Teixeira, o tabagismo traz um desarranjo social, não apenas no campo da saúde: “Ele é uma porta de entrada para outros vícios e outros problemas sociais”. O que faz sentido quando se pensa que a maioria dos jovens começa a fumar para ser aceito num grupo ou para parecer “dono da própria vida”: é o mesmo motivo que leva ao álcool e ao consumo de outras drogas.
Influência da mídia
Durante o evento, também se discutiu a participação da mídia na luta contra o cigarro. Jaqueline Issa, cardiologista e diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor, afirmou que a campanha de combate ao fumo deve boa parte do seu sucesso à mídia. Ao mostrar imagens fortes de pulmões prejudicados e tumores causados pelo cigarro, a idéia do “fumante chique” foi se dissolvendo. A proibição das propagandas de cigarro também contribuiu em peso para a diminuição do hábito de fumar, principalmente entre os jovens. De acordo com a cardiologista, os jovens têm menos dependência ao cigarro, mas acabam tendo maior dificuldade em parar porque lhes falta motivação.