São Paulo (AUN - USP) -Encontrar indivíduos adultos de mãos dadas e dançando ao ritmo de músicas folclóricas pode parecer uma situação estranha e sem sentido. No entanto, a atividade conhecida como danças circulares possui adeptos no mundo inteiro e permite desenvolver habilidades importantes para interação social e trabalho em conjunto.
No Instituto de Psicologia da USP, a psicóloga Tânia Pessoa de Lima do Laboratório de Estudos da Personalidade (LEP) organizou o grupo de vivência “Danças Circulares e Contos”. A atividade, realizada todo semestre há três anos, reúne alunos, professores, funcionários da Universidade e público externo.
De acordo com Tânia, a própria organização em roda estimula habilidades de trabalho em grupo como a cooperação e a valorização das diversidades. Em um círculo, todos os participantes se encontram na mesma posição, isto é, ninguém está em destaque ou em um patamar que indique superioridade. Por essa razão, não há hierarquia ou divisão de poderes. As atitudes de competição, assim, são substituídas por ações de auxilio mútuos, onde o grupo se ajuda em superar erros.
“As pessoas que fazem parte das danças circulares deixam de lado um pouco dos personagens incorporados no cotidiano. Não há títulos, rótulos e profissões na roda. Todos se tornam um grupo. Essa característica facilita a interação social e a possibilidade de trabalho em grupo”, afirmou.
A psicóloga ainda explicou que do ponto de vista psicanalítico Junguiano as danças de roda permitem uma experiência religiosa. Em termos simplistas e leigos, a religiosidade de Jung diz respeito a uma função psicológica, no qual o homem consegue entrar em harmonia consigo mesmo e com tudo que o envolve. Logo, a partir do controle sobre o corpo e sentimentos, as danças circulares fazem com que a consciência de cada indivíduo entre em contato com si mesmo e alinhe-se com o seu interior com a exterioridade do mundo.
A vivência “Danças Circulares e Contos” traz músicas e coreografias de diferentes partes do mundo. Nos encontros, além das danças, os participantes compartilham contos e experiências pessoais, que são colocadas na forma de reflexão para o grupo. As pessoas conversam sobre os significados das narrativas e a relevância de determinados fatos na vida dos indivíduos. A atividade conta ainda com técnicas de relaxamento, exercícios de respiração e alongamentos.