São Paulo (AUN - USP) -Problema recorrente nas grandes metrópoles e até mesmo nas cidades de médio e pequeno porte, o excesso de gatos e cães aumenta de maneira exponencial nos últimos anos. Muito graças ao curto ciclo reprodutivo desses animais, cidade como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais enfrentam uma dura batalha para controlar a superpopulação desses animais. Um dos caminhos que muitos donos adotam para evitar o descontrole na procriação de seus animais de estimação é a castração. De forma gratuita, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da USP, iniciou no mês de setembro uma triagem para castração de cães machos, gatos e gatas.
A Campanha de Castração Gratuita, da FMVZ, em geral, dura cerca de cinco semanas, e as cirurgias são realizadas pelos próprios alunos, sob a supervisão de pós-graduandos ou professores. Antes da fase cirúrgica todos passam por fases experimentais em cadáveres. Cada aluno opera em torno de quatro animais durante a Campanha.
Há uma grande preocupação com bem-estar e a saúde do animal durante o processo. “Cobrimos o trans-operatório e o pós-operatório. Além de anestesia, usamos também analgésicos para evitar stress e dores futuras. É uma cirurgia muito delicada”, afirma a professora Julia Maria Matera, do Departamento de Cirurgia (VCI), da FMVZ.
Apesar da consciência de grande parte da população da necessidade da castração, Matera diz que há um certo “machismo” nas pessoas. Talvez pelo contato visual com o pênis elas se incomodem mais em castrar machos do que fêmeas. “Entretanto é bom lembrar que não são animais monogâmicos, ou seja, podem procriar com muitas fêmeas. Um macho cobre várias fêmeas, o que agrava o problema”, aponta Julia.
A professora alerta que, mal feita, a cirurgia pode causar muitos problemas para os animais, e que o procedimento só deve ser realizado em locais credenciados, em perfeitas condições de higiene e com profissionais qualificados.
A Campanha, que entra em seu décimo ano, não é realizada em cachorras. O motivo, segundo Julia, é a complexidade da operação em cadelas. “O abdômen da fêmea canina é muito mais complicado. Possui maior quantidade de tecido adiposo. Esse excesso de gordura pode complicar a operação e gerar sofrimento ao animal. Por isso decidimos não oferecer essa modalidade aos alunos, por enquanto”, explica Matera.