São Paulo (AUN - USP) -O cíclotron, equipamento inaugurado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que fica na USP, é um acelerador de partículas capaz de produzir elementos radioativos usados em diagnósticos complexos e no tratamento de doenças como o câncer ou bócio. O principal produto do aparelho é o flúor marcado com glicose (FDG), usado em exames oncológicos, cardiológicos e neurológicos de alta qualidade. Além do FDG, também poderão ser fabricados outros elementos com o flúor e realizar pesquisas de reações nucleares, o que ainda não ocorre.
Adquirido da empresa belga IBA pela Diretoria de Radiofarmácia, o cíclotron responderá a uma demanda crescente no mercado nacional por radioisótopos de flúor, em especial o FDG. O investimento necessário foi de R$ 3,6 milhões da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo mais R$ 2,3 milhões investidos pelo Instituto em infra-estrutura. Toda a produção é vendida para hospitais e clínicas de nove cidades brasileiras. Para isso, há uma eficiente estrutura de distribuição e transporte, visto que o FDG perde suas propriedades em cerca de duas horas – o que é conhecido como meia-vida curta.
O fármaco é produzido em sua maior parte pelo Ipen. Outro centro de produção está localizado no Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) no Rio de Janeiro. O Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN) instituto da CNEN em Belo Horizonte, também inaugurou um cíclotron. Com a recente flexibilização do monopólio de produção de radiofármacos de meia-vida curta, instituições privadas também podem investir na produção, desde que autorizadas pela CNEN, que licencia e fiscaliza as instalações nucleares e radioativas do país.
A inauguração do cíclotron se deu no evento de comemoração dos 52 anos de fundação do Ipen. O Instituto caracteriza-se pela multidisciplinaridade das atividades que desenvolve nas áreas de saúde, meio ambiente, aplicações de técnicas nucleares, materiais, segurança radiológica, reatores nucleares e fontes alternativas de energia, além de manter um programa de pós-graduação em parceria com a Universidade de São Paulo. O conhecimento gerado por seus pesquisadores e técnicos resulta em diversos produtos e serviços de alto valor econômico e estratégico para o país.