São Paulo (AUN - USP) -Depois da aceitação da Lei Cidade Limpa na cidade de São Paulo, criada a partir de um conjunto de tentativas de aprovações de leis desde 1990, a Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), também responsável pela lei, pretende aterrar toda a fiação elétrica da metrópole, continuando o trabalho de despoluição visual.
Regina Monteiro, diretora de Meio Ambiente e Paisagem Urbana da Emurb, comentou sobre o assunto em sua palestra, no último dia da VI Semana de Turismo, realizada recentemente na Escola Politécnica da USP. Um dos grandes entraves para o projeto é a Eletropaulo, que hoje tornou-se uma empresa com fins lucrativos e não está disposta a arcar com os custos.
É grande a necessidade de investimento em métodos de se mudar a rede elétrica para debaixo da terra. O sistema utilizado atualmente facilita o roubo de fios – prática comum em cidades como Ribeirão Preto, por exemplo –, por causa da pouca segurança, além de dificultar muito a identificação de problemas na rede, como cabos danificados. Isso traz prejuízo tanto para a Eletropaulo, empresa fornecedora, como para o consumidor.
O custo para a implementação da rede elétrica subterrânea configura um grande gasto, mas as vantagens são muitas, segundo Regina Monteiro. A perda de energia da fiação embaixo da terra é menor, não há gastos de manutenção causada por árvores e outros elementos que danificam a fiação, por exemplo, e não há o perigo de pessoas morrerem eletrocutadas pela descarga elétrica da fiação a céu aberto.
Para que o projeto venha a ser possível, já existem duas leis há respeito que estão vigorando. Uma delas obriga toda nova construção em São Paulo a incorporar a fiação subterrânea em seu planejamento. A outra diz que pelo menos 5km de cabos devem ser enterrados por ano para os edifícios mais antigos. Com essa segunda lei, a previsão é de que a fiação encontre-se toda embaixo da terra daqui a aproximadamente 20 anos. As avenidas Nove de Julho e Rebouças, por exemplo, já adotaram este sistema.
O que a diretora da Emurb teme é que, com a necessidade do investimento, o custo acabe caindo sobre o consumidor. O preço de produtos e serviços aumentará, deixando o comprador insatisfeito, fazendo a imagem da prefeitura ser manchada – as empresas passam a culpa para o governo.
Para que a Lei Cidade Limpa viesse a “pegar”, as multas aplicadas provaram ser muito importantes. Porém, Regina Monteiro diz que isso não será possível com esse plano de aterramento da fiação. “Aplicar multas está fora de cogitação”, afirma Regina.