ISSN 2359-5191

03/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 98 - Economia e Política - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Arquitetos discutem falhas dos projetos de habitação popular

São Paulo (AUN - USP) -Os problemas dos programas habitacionais atuais foram tema de debate na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. A mesa de discussão foi organizada por estudantes da própria faculdade, como forma de promover o lançamento do quarto número da Revista Contravento, publicação dos alunos da FAU. O evento contou com a presença dos arquitetos e urbanistas Alexandre Benoit, ex-aluno da faculdade, e Nabil Bonduki, professor da FAU e ex-vereador, conhecido por ter sido superintendente dos programas de habitação popular da prefeitura de São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (1989 – 1992).

O ex-aluno começou expondo suas idéias, com uma aula de história da arquitetura. Segundo ele, uma grande geração de arquitetos, encabeçada por Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa, trabalhou excelentes projetos para as cidades brasileiras entre as décadas de 1930 a 60, idealizando um país de cidades planejadas e organizadas, como Brasília, feito máximo dessa geração. Com o golpe militar de 1964, todavia, as cidades do Brasil tiveram um boom de crescimento desordenado e tornaram-se grandes demais para que algum tipo de planejamento pudesse ser feito, criando um grande déficit habitacional. Essa desordem levou uma nova geração de arquitetos e urbanistas a pensar projetos de reforma urbana e direito à habitação. Com o apoio do PT (Partido dos Trabalhadores) a essas idéias, já na década de 80, o novo ideal começou a ser chamado de “Urbanismo Petista”.

Benoit, então, chegou aos dias de hoje. De acordo com o arquiteto, esse projeto petista culminou com a criação do Ministério das Cidades (idealizado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em 2003, seu primeiro ano de mandato) e do Projeto Habitação, que oferece subsídios para habitação popular, como forma de garantir moradia a todos. O ex-aluno, todavia, fez diversas críticas a esses ideais, a começar pelo fato de que o Projeto Habitação não pensa na reformulação e na regeneração das cidades, preocupando-se apenas em garantir moradia barata em espaços periféricos das cidades, agravando problemas de transporte e saneamento, entre outros. Benoit ainda completou seu raciocínio com uma análise dos riscos que esse projeto pode trazer para o país: “Uma política de subsídios resultou nessa crise de habitação dos Estados Unidos, que está causando estragos no mundo todo. E no Brasil, será que vai funcionar?”. Para ele, o “urbanismo petista” está morto.

Em seguida, Nabil Bonduki deu seu posicionamento sobre a questão. Segundo o professor, não existe o dito “urbanismo petista” descrito por Benoit, já que esse ideal não se constitui em um projeto urbanístico, mas apenas em uma briga por direitos fundamentais nas cidades. Mas Bonduki concordou com a posição de Alexandre Benoit sobre o Projeto Moradia: “Esse projeto não é urbanístico, é apenas fornecimento de moradia. E de maneira errada”. Para o ex-vereador, os arquitetos e urbanistas da nova geração devem pensar para o Brasil projetos diferentes, que rompam a segregação de classes sociais nas cidades.

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