São Paulo (AUN - USP) -O Brasil é o principal país do mundo dentre os capazes de impedir o aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera. O gás é o causador do efeito estufa, responsável por agravar o aquecimento global e provocar mudanças climáticas. Justamente por isso, é fundamental que o país aprenda a crescer economicamente de forma sustentável, para que essa característica seja preservada. O alerta é do professor Marcos Buckeridge, do IB-USP (Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo).
As florestas brasileiras explicam a importância do país na discussão sobre o futuro do planeta, do ponto de vista ambiental. A vegetação, sobretudo nas florestas tropicais, é capaz de retirar uma grande quantidade do gás carbônico da atmosfera, já que as plantas utilizam o gás como matéria prima para as reações químicas que originam seu próprio alimento. E a maior parte do gás carbônico que os vegetais absorvem é fixada neles, não retornando para a atmosfera.
“O Brasil tem a maior mancha de terra com uma floresta em cima [floresta tropical Amazônica]. Somos os reis do seqüestro de carbono”, afirmou Buckeridge, durante mesa-redonda organizada no IB para discutir as ações do próprio instituto no estudo das mudanças climáticas.
Embora a absorção de gás carbônico pelas plantas não seja capaz de diminuir a concentração do gás carbônico na atmosfera, o professor explica que elas contribuem para o equilíbrio dessa concentração, ajudando a conter seu aumento exagerado, o que traria conseqüências catastróficas para o clima do planeta.
Biocombustíveis
Uma das preocupações levantadas durante a mesa redonda foi com a queimada de florestas, que tem acontecido principalmente no Norte do país, visando desocupar terras e utilizá-las posteriormente para o plantio de cana, destinada à produção de biocombustíveis como o etanol.
Apesar do cultivo de cana-de-açúcar também ser uma forma de retirar gás carbônico da atmosfera, Buckeridge lembra que toda a cana cultivada pelo país, seja para consumo alimentício, seja para produzir bioenergia, representa apenas 0,01% de todo o carbono que é seqüestrado pelas florestas da América do Sul, cuja maior parte está no Brasil.
Ou seja, é fundamental que o país aprenda a harmonizar o cultivo de cana com a preservação da vegetação, sobretudo de suas florestas, pois apenas assim não haverá desequilíbrio na emissão e no seqüestro do gás carbônico, contribuindo para a manutenção das condições climáticas, tanto no Brasil, quanto no mundo.