São Paulo (AUN - USP) -A descoberta de um novo campo gigante de petróleo na região litorânea que se estende do Espírito Santo à Santa Catarina – o chamado pré-sal – tem voltado as atenções de grandes empresas para o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. Só a Petrobrás investirá milhões de reais em pesquisas e laboratórios, visando também à formação de novos profissionais.
Com isso, apesar de não ser o foco de pesquisas do IAG, o petróleo vem ganhando espaço no Departamento de Geofísica. A descoberta do pré-sal expandirá para o Estado de São Paulo a área de atuação e pesquisas em petróleo. Atualmente, essa área concentra-se no Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. A Petrobrás trará as atividades exploratórias para São Paulo através da instalação de um escritório em Santos e de um futuro centro de pesquisa no Guarujá.
Até 2012, a Petrobrás necessitará contratar cerca de 300 geofísicos. Segundo a professora Naomi Ussami, chefe do Departamento de Geofísica, "o IAG terá que intensificar a formação de recursos humanos em todos os níveis: graduação, mestrado e doutorado" para atender a demanda aquecida do setor produtivo em petróleo. Ela ressalta que, desde já, alunos do IAG têm sido contratados antes mesmo de concluírem a graduação, resultado de uma qualificação adequada do curso.
Em relação às pesquisas desenvolvidas no IAG, o foco volta-se para o estudo das bacias sedimentares brasileiras, onde há potencial de se encontrar petróleo. Algumas pesquisas de áreas específicas da Geofísica que podem ter aplicação ao petróleo já recebem financiamentos da Petrobrás. Dois laboratórios do departamento (Sismologia e Paleomagnetismo) receberam aporte de 10 milhões de reais para os próximos dois anos, visando ao desenvolvimento de estudos aplicáveis ao mercado do petróleo.
A Petrobrás ainda conta com dois professores e pesquisadores do IAG, Marcelo Assumpção e Jorge Porsani, no comitê gestor de duas redes temáticas (Geofísica Aplicada e Geotectônica – à qual dois novos projetos do IAG deverão ser apresentados entre 2009 e 20011). Em 2005, o então graduando Victor Sacek, hoje doutorando no IAG e membro da equipe de Análise de Bacias do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes-RJ), foi premiado na categoria graduação com o Prêmio Petrobrás de Tecnologia.
Tendo em vista a necessidade de se investir também na grade curricular da graduação em Geofísica, a Reitoria da USP acaba de aprovar o concurso que selecionará um professor titular na área de petróleo, a fim de homogeneizar o estudo tanto na pesquisa quanto no ensino.
Iniciativa dos alunos
O petróleo ainda foi tema amplamente abordado no II Encontro de Alunos de Geofísica Aplicada das Universidades Paulistas (Eagaup), que ocorreu em setembro no IAG. O evento foi organizado pela pós-graduanda Andréa Ustra, juntamente com as colegas Manuelle Góis e Leila Teixeira. A primeira edição foi organizada em 2007 por dois alunos do Instituto de Geologia da Unicamp.
O Eagaup nasceu com o objetivo de aproximar a Geofísica das três universidades paulistas (USP, Unicamp e Unesp – que não participou da primeira edição) e, principalmente, a troca de experiências e conhecimentos entre docentes, discentes e empresas. A edição deste ano focou na atuação das empresas especializadas.
Andréa explica que pouco é de fato explicado sobre a atuação do profissional geofísico dentro delas. "Em palestras, as empresas falam muito sobre si próprias no mercado e quase nada sobre o dia-a-dia da profissão e os métodos empregados", analisa Andréa. "É muito mais interessante mostrar de fato como a empresa conseguiu reconhecimento, com estudos de caso e exemplos reais".