São Paulo (AUN - USP) -Duas empresas de assessoria técnica em arquitetura mostraram novos conceitos de projetos urbanos em evento na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Os convidados foram a Usina e a Peabiru, representadas por Isadora Guerreiro e Caio Amore, respectivamente. O evento foi parte do EPA! (Encontro Projeto e Ação), organizado por alunos da própria faculdade, que busca apresentar novidades em projetos para as cidades.
Assessorias técnicas são empresas contratadas na maioria das vezes pelo Governo para desenvolver projetos participativos com comunidades carentes. Elas são especializadas em mutirões de construção, geralmente de casas populares, em que várias pessoas trabalham em sistema de rodízio, aprendendo a desempenhar diversas funções, tanto intelectuais quanto práticas, que vão desde controle de estoque até o assentamento de tijolos. As assessorias tiveram origem nos mutirões organizados pela prefeitura de São Paulo após a redemocratização do Brasil, no início dos anos 80, com o fim da Ditadura. A fundação da primeira empresa do ramo data de 1988.
Caio Amore foi o primeiro a apresentar os projetos de assessoria técnica, no caso da Peabiru. Ele contou a história da empresa, fundada em 1993 e que começou assumindo alguns projetos pendentes da gestão Luiza Erundina (1989 – 1992) na prefeitura paulistana. O primeiro grande trabalho da Peabiru foi a urbanização de três favelas em Diadema. Um dos pontos mais interessantes destacados por Amore é o fato de que a coordenação da empresa não conta exclusivamente com arquitetos: “São três coordenadores, e um deles não é arquiteto, pois precisamos de olhares diferentes sobre a cidade”, explica. Ele ainda apresentou o projeto mais recente da assessoria técnica, que ainda não foi finalizado: a urbanização da favela Irati, uma das maiores de Taboão da Serra (na grande São Paulo), em sistema de mutirão. A empresa foi contratada pela prefeitura da cidade, e está sendo coordenado por um sociólogo, que vai auxiliar nos projetos, além dos arquitetos responsáveis pelas obras.
Em seguida, Isadora Guerreiro apresentou os projetos da Usina. Ela começou explicando que as assessorias são um “meio termo” da arquitetura contemporânea, não sendo exclusivamente voltadas para o mercado nem para o Estado. “Fazemos um trabalho próximo ao povo, de parceria. Não é para construir casa para pobre, mas para ajudar e ensinar”, destacou. Guerreiro também ressaltou que a Usina busca mudar o caráter da profissão de arquiteto, dispondo-se a conversar com outras áreas do conhecimento para desenvolver projetos inovadores (como faz a Peabiru). Por fim, apresentou os projetos de mutirão da empresa, que são sempre discutidos pelos coordenadores da assessoria técnica e pelos integrantes da comunidade que receberá a obra. Destaque para o mutirão “Paulo Freire”, que construiu casas populares na Zona Leste de São Paulo entre os anos de 2003 e 2008, e para os trabalhos em comunas do MST (Movimento dos Sem Terra).