São Paulo (AUN - USP) -As empresas de construção civil do mercado não oferecem serviços suficientes para a adaptação de espaços físicos para pessoas com dificuldades de locomoção ou deficiência física. É o que afirma Sandra Herbst Leite - consultora imobiliária, aluna do bacharelado de Educação Física na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) e do segundo módulo do curso de Design de Interiores da Escola Técnica Estadual (ETE) Carlos de Campos - na palestra “Design Inclusivo – idosos, deficientes físicos e visuais”, apresentada recentemente na EEFE como parte da 13ª Semana de Arte e Cultura da USP.
Segundo Sandra, poucas são as possibilidades dos que têm alguma dificuldade locomotiva ou deficiência física de encontrar uma empresa que disponha de materiais adequados para sua locomoção dentro de ambientes: “poucas empresas dedicam-se à confecção de produtos para solucionar ou minimizar a problemática do mobiliário inclusivo”, afirma. E, quando os materiais adequados são encontrados, nota-se que são caros. Um exemplo são os pisos táteis para deficientes visuais, que chegam a custar R$ 40 uma peça de 42cm x 42cm.
O design inclusivo de ambientes não é direcionado apenas para pessoas com deficiência, mas também para idosos, crianças, indivíduos muito altos ou muito baixos e obesos. Esse tipo de adaptação visa organizar e otimizar os espaços para evitar quedas e acidentes, facilitando as atividades cotidianas dessas pessoas, o que promove maior autonomia e independência, evitando quadros de medo e depressão que possam ser causados pela falta de auto-estima advinda do quadro de deficiência.
Mas a falta de material disponível não é a única dificuldade para a execução de um design inclusivo. Muitas vezes, a própria estrutura do imóvel impede a instalação de certos materiais, problema apresentado essencialmente em apartamentos, que têm sua estrutura ligada à de todo o prédio: “para mexer em um apartamento, você deve ter um projeto feito por um arquiteto, a viabilidade deve ser estudada por um engenheiro e a solução deve ser feita por um designer, para que as o trabalho final não fique malfeito”, diz Sandra.
Na palestra, ela especifica as instalações imprescindíveis para a adequação dos ambientes. No caso de pisos, há a necessidade de instalação de materiais antiderrapantes, além de pisos claros com detalhes escuros - para dar noção de profundidade - para idosos. Em janelas, as folhas (ou módulos) devem apresentar uma característica de abertura simples, com movimento único e possível com apenas uma das mãos. Quanto ao mobiliário, deve-se evitar que tenha quinas, para evitar grandes lesões em caso de quedas. Já o banheiro, por ser um local com alto índice de desequilíbrios, deve ter maior atenção, com a instalação de barras de apoio que auxiliem na recuperação do equilíbrio e ajudem na transposição dos deficientes físicos da cadeira de rodas para o vaso sanitário.
Sandra salienta as necessidades de seguir as normalizações técnicas da ABNT NBR 9050, que dita as normas a serem seguidas para a adaptação de ambientes. Além do mais, é essencial o estudo de um arquiteto familiarizado com as normas: “não é só pegar uma furadeira e colocar uma barra na parede”.