São Paulo (AUN - USP) -Pessoas com dificuldades respiratórios durante o sono podem desenvolver também problemas cardiovasculares. Enquanto dormem algumas pessoas tem dificuldade ou mesmo não conseguem respirar devido a um problema chamado Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SOAS, em inglês), que interrompe a passagem de ar para o pulmão.
Alguns estudos mostram uma relação entre a SOAS e problemas de coração, principalmente a hipertensão e a arterosclerose, uma doença que atinge as artérias. Foi este o tema de seminário realizado recentemente na Faculdade de Medicina da USP pelo diretor do Laboratório do Sono do Instituto do Coração, Geraldo Lorenzi Filho.
No próprio Laboratório foram conduzidos alguns estudos que indicaram que em pacientes com SOAS o coração é obrigado a bater com mais pressão, o que aumenta o risco de desenvolver a hipertensão. Além disso, também se obteve resultados com pacientes que possuem a síndrome, mas não têm outros fatores de risco cardíacos, e mesmo assim desenvolveram a arterosclerose.
Lorenzi apontou também que a SOAS é mais comum do que se imagina. Números preliminares mostram que até cerca de 30% da população de São Paulo sofra com a doença. Embora desconfie dessa quantidade, ele aponta que ela é sim um problema sério, que precisa ser tratado com mais atenção por médicos de diferentes áreas, pois pode gerar conseqüências graves para o paciente.
Essa falta de atenção ocorre, segundo ele, pois o diagnóstico da SOAS é difícil. O sintoma mais conhecido é o ronco, mas para o médico é difícil descobri-lo uma vez que o paciente dificilmente o relata como um problema. De modo geral é necessário conversar com pessoas próximas, como familiares, para saber se a pessoa ronca.
Além deste, há outros sintomas menos conhecidos que podem indicar a doença. Entre eles estão as pausas respiratórias durante a noite e também sonolência diurna, alterações de humor e problemas de memória causados pela dificuldade em dormir à noite.
Dessa forma é importante o diagnóstico rápido do SOAS para início do tratamento. Tradicionalmente ele é feito a partir de um aparelho conhecido como CPAP, que funciona como uma bomba de ar que joga oxigênio pela faringe do paciente. Porém, Lorenzi aponta que tratamentos feitos por fonoaudiólogas para fortalecer a musculatura da região vêm surtindo efeito e diminuindo em até 40% a questão.
Também chama a atenção a dificuldade em encontrar a causa da SOAS. Há alguns fatores de risco, como obesidade e idade, mas não se sabe ainda como ela ocorre. Para Lorenzi, o surgimento da doença pode estar ligado à evolução humana, pois o homo sapiens possui uma faringe mais alongada, o que a deixa mais exposta ao problema.