São Paulo (AUN - USP) -Melhorar a qualidade do ar nas grandes regiões metropolitanas é um desafio que diferentes esferas do poder público e algumas entidades internacionais vêm enfrentando. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente aumentou a exigência de seus padrões de qualidade do ar para tentar prevenir doenças na população.
O assunto da poluição atmosférica foi tema de seminário na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), que teve como um dos participantes o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge. Ele apresentou projeto da prefeitura que visa aumentar a fiscalização sobre a emissão de poluentes dos veículos na cidade e que está em fase de implementação.
O ponto principal apresentado pelo secretário é obrigar donos de carros, motos, ônibus, caminhões e outros veículos automotores a passarem por uma inspeção anual que verifique a emissão de gases. Neste ano o projeto tem dado ênfase aos veículos a diesel, pois apesar de responderem por apenas 10% da frota estes corresponderem por um quarto dos quilômetros rodados e são responsáveis por quase 60% da poluição gerada.
O objetivo do projeto é realizar cerca de 15 mil inspeções este ano. Até agora muitos automóveis considerados limpos pelas montadoras foram reprovados no teste e passarão agora por alterações das fábricas. No ano que vêm, garante Eduardo Jorge, o sistema será implementado também para veículos a gasolina. Quando tiver dados suficientes ele promete divulgar lista com os carros mais e menos poluentes.
As medidas vão ao encontro de resultados de estudos no mundo todo apresentados nos últimos anos, que confirmam a relação entre a poluição do ar e doenças respiratórias, o que gerou uma pressão da opinião pública sobre o assunto. Esta é uma constatação feita por diversos especialistas, entre eles Nelson Gouveia, professor da FMUSP e um dos responsáveis por elaborar o novo padrão da OMS.
Embora não tenha valor de lei, Gouveia espera que a recomendação do órgão internacional sirva como base para que os países diminuam a poluição do ar. Os valores são calculados a partir da concentração do chamado material particulado, um dos principais componentes causadores de doença, encontrado no ar. O nível mínimo de exposição anual ao material no Brasil é cerca de 150% maior do que o nível ideal e a exposição diária é três vezes maior que o recomendado.
Segundo os dados da OMS, se o país se adequar ao novo patamar o risco de mortalidade em relação à poluição cai quase 4%. Um número alto, se considerado que o material particulado é responsável por 5% dos problemas respiratórios de crianças no país e por mais de 8% do problema de idosos, e em São Paulo esse número chega a 10%.