São Paulo (AUN - USP) - O projeto “Museu e Público Especial” é realizado, desde 1991, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC). Sob coordenação de Amanda Tojal, este projeto recebe grupos de alunos portadores de algum tipo de necessidade especial, quer seja física, sensorial ou mental. Para tanto, além do acompanhamento de monitores especificamente treinados, foram desenvolvidas técnicas que facilitam este contato, como o uso de réplicas de algumas das obras pertencentes ao acervo do museu, que podem ser tocadas e manuseadas pelos visitantes. Obviamente, o próprio espaço físico do museu é adaptado para acolher os alunos. São utilizadas, por exemplo, mesas que permitem o acesso a cadeiras de rodas.
O projeto nasceu da necessidade de diminuir a distância existente entre os portadores de deficiência e a obra de arte ou os espaços culturais. Em muitos casos esta separação começa na própria barreira arquitetônica dos museus. Há também o problema da linguagem (geralmente não há legendas em braile, por exemplo) e a questão do tato, já que a maioria das obras não pode ser tocada ou não foi adaptada para isso. No “Museu e Público Especial”, as réplicas construídas não só podem ser manuseadas, como também desconstruídas para depois serem remontadas, tomando-se como base o original (que sempre fica exposto junto à cópia). No caso dos quadros, são feitas reproduções em alto e baixo-relevo.
Porém, antes de entrarem em contato com a obra, os visitantes passam por uma oficina, na qual aprendem um pouco sobre o autor e trabalham com elementos do quadro ou da escultura que verão adiante, quando possível, há também uma prática que relaciona música e pinturas. Esta introdução é o que os participantes do projeto denominam de alfabetização visual-tátil. A técnica de ir “da parte para o todo” facilita a compreensão dos quadros ou esculturas: “Se eles fossem sentir, logo de início, a obra, haveria uma dificuldade em entendê-la em sua totalidade”, afirma Margarete de Oliveira, assistente do projeto. Além desta alfabetização visual-tátil, tem sido desenvolvido um material a respeito de História da Arte, que é utilizado em sala de aula pelos monitores antes da ida ao museu. Depois da visita, os alunos recebem um catálogo em tinta ou em braile contendo informações do autor e o acervo da exposição.
No momento, ocorre uma exposição itinerante em São Caetano do Sul. De 16 de junho a 10 de julho, haverá, em São Paulo, outra mostra do Projeto denominada: “O Toque Revelador: a poética das formas”. Ela será realizada na Biblioteca Alceu de Amoroso Lima (R. Henrique Schaumann, Pinheiros). As exposições no MAC, realizadas no edifício anexo, estão temporariamente interrompidas devido à reforma do prédio. Para mais informações, visite o site www.mac.usp.br/projetos/pespecial/index.html.