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21/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 109 - Meio Ambiente - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Professor de Arquitetura da USP critica os “piscinões” de São Paulo

São Paulo (AUN - USP) -A infra-estrutura urbana da cidade de São Paulo foi tema de críticas em palestra do arquiteto Milton Braga, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Braga, que é professor de Projetos na própria faculdade, teve como principal alvo de suas críticas os “piscinões”, grandes reservatórios que seguram o fluxo da água das chuvas e dos canais, amenizando as enchentes na capital paulista. O evento foi parte do EPA! (Encontro Projeto e Ação), organizado por alunos da FAU.

O professor afirmou que obras de drenagem são importantes para São Paulo, mas que os “piscinões” não são a solução ideal para o problema das enchentes, um dos tormentos da maior cidade da América Latina. Para Braga, os reservatórios de água resolvem um problema criando outro, pois, ao mesmo tempo em que ajudam a diminuir os alagamentos, causam problemas nas áreas próximas a eles. “Os projetos dos ‘piscinões’ deveriam ter sido pensados junto com o desenho da infra-estrutura urbana da cidade. Hoje, eles mais atrapalham do que ajudam”, destacou.

Entre os problemas causados pelos reservatórios, o professor aponta como o principal a dificuldade em se construir e utilizar os espaços em volta deles, já que seus desenhos irregulares atrapalham a continuidade da malha urbana ao redor. Isso gera problemas no tráfego, nas áreas livres que poderiam ser aproveitadas para construção e também na infra-estrutura urbana.

Braga aproveitou também para opinar sobre a recente medida do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que cortou verbas do “Fura-Fila” (corredor de ônibus que vêm sendo construído desde 1997) para usar na construção de novos “piscinões”: “Apesar dos erros no projeto, o ‘Fura-Fila’ deveria ser construído, pensando uma melhor coordenação com a rede de transporte público. Gastar dinheiro com os ‘piscinões’, porém, é um erro. Há melhores alternativas”.

O arquiteto mostrou, então, uma das alternativas aos gigantescos reservatórios: o projeto feito pelos arquitetos do escritório MMBB, do qual faz parte, para o Bairro Novo, antiga zona industrial na região da Água Branca (zona oeste de São Paulo) que será urbanizada e transformada em área residencial e comercial de quase um milhão de metros quadrados.

O grande diferencial desse projeto, original de 2004, é o aproveitamento da água dos rios Pinheiros e Tietê, que “cercam” a área. Ao invés de esconder os rios em galerias subterrâneas ou represá-los em “piscinões”, o desenho do local foi feito imaginando sua integração ao espaço, aproveitando suas águas para a construção de novos canais, que fluiriam por parques, praças, fontes e até mesmo “praias urbanas”, como as vistas na beira do Rio Sena em Paris, capital da França.

A questão do aproveitamento das águas inclusive motivou os arquitetos do MMBB a criarem, em 2007, o projeto “Vazios de Água”, que mostra como as águas dos “rios urbanos” podem ser bem aproveitadas. O sucesso foi tanto que o projeto integrou a Exposição Internacional de Roterdã, na Holanda, no mesmo ano, com o nome de “Watery Voids”.

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