São Paulo (AUN - USP) -Através de procedimentos de plantio adequados é possível recuperar formações vegetais degradadas e solos desgastados de áreas com ocupação agrícola irregular. Uma das experiências com técnicas desenvolvidas pela Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós – Universidade de São Paulo) mostra, desde 2006, resultados significativos na restauração de fragmentos de Mata Atlântica em regiões de plantio de café no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo.
O grupo responsável pela restauração, integrado ao Lerf (Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal), da Esalq, não apenas encontrou maneiras de recuperar partes da vegetação na área, mas também tornou viável a integração técnica, econômica e socioambiental da população.
A ocupação do Pontal teve como base, principalmente, a introdução de fazendas monocultoras, que, segundo artigo publicado pelo Lerf, provocaram drástica redução da cobertura vegetal da região. Atualmente, resta menos de 2% da Mata Atlântica original e os últimos remanescentes podem ser encontrados em fragmentos existentes em propriedades privadas.
Através de técnicas de irradiação da cobertura vegetal original e da proteção das bordas de matas remanescentes, as iniciativas dos pesquisadores do Laboratório permitiram o desenvolvimento de uma reforma agrária na região, benéfica aos habitantes e harmonizada à preservação da biodiversidade.
O passo principal em direção à reestruturação da paisagem no Pontal foi a introdução das ilhas de agrobiodiversidade. Trata-se de corredores, compostos de cafezais cercados por alguma vegetação nativa replantada, que atuam interligando uma mancha remanescente de floresta a outra.
As ilhas de café com floresta funcionaram como trampolins ecológicos, estimulando movimentos de dispersão para muitas espécies silvestres e reaproximando populações que antes estiveram conectadas. Dessa forma, auxiliaram na recolonização de fragmentos desmatados. Além disso, o encurtamento das distâncias entre uma ilha e outra, propiciado pelos corredores, permitiu a migração de insetos e pássaros polinizadores, fundamentais na dispersão de sementes e outros materiais genéticos vegetais, assegurando a manutenção da diversidade.
Os bosques de café, desde sua implantação, mostraram ainda cumprir não apenas função ecológica, mas desempenharam ainda importante papel econômico para a população do Pontal. Além do cultivo de café, a produção de culturas anuais como o feijão e a abóbora, plantados entre um fragmento e outro de floresta, trouxeram incremento à renda dos agricultores da região.