ISSN 2359-5191

24/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 112 - Educação - Instituto de Matemática e Estatística
Professores e estudantes buscam soluções para violência

São Paulo (AUN - USP) -Durante uma semana, alunos de graduação do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME), professores da rede publica estadual, profissionais da área de educação e professores do próprio instituto, voltaram suas atenções para o aperfeiçoamento do ensino de matemática. Mas muito além da restrição ao ensino dessa disciplina especifica, o evento debateu também o ambiente escolar como um todo e a sociedade no qual ele se insere. Atualmente considerada pauta prioritária nas escolas, a violência parece ter ultrapassado todos os portões e as portas e se instalado nas escolas, sejam elas públicas ou particulares, estejam elas no mundo desenvolvido ou subdesenvolvido.

Para a professora Flávia Schilling, da Faculdade de Educação da USP, há sensação de que a violência tomou conta do mundo. Ela utiliza a expressão “emergência da violência”, valendo-se da ambigüidade do termo, no sentido de urgência e no de surgimento. O tema tem permeado a fala das pessoas no cotidiano, aparecido de forma espetacular na mídia. Além disso, está presente nos discursos políticos, provoca ações de políticas públicas, produz pesquisas, debates. Exige tomadas de posições.

No entanto, essa sensação de que a violência tomou conta do mundo mantêm as pessoas em suas casas, confrontando diretamente a construção, ainda recente, da nossa sociedade democrática. Schilling defende que esse é um mito sustentado pela mídia, que mesmo a violência é uma construção social e histórica, ou seja, a violência é um conceito que varia ao longo do tempo ou da ideologia dominante. Um exemplo é a mínima divulgação midiática das recentes quedas das taxas de homicídio. “É preciso divulgar esses dados para que possamos participar e superar esse estado de pessoas atemorizadas e isoladas”.

Para a professora, o caminho para a solução dos conflitos sem a utilização de violência, passa necessariamente pelo diálogo e pelo diagnóstico: a principal função da escola seria descobrir quais são esses conflitos que habitam o cotidiano do jovem “violento” e que não estão sendo resolvido através do diálogo, da pedagogia e, por isso, acabam sendo expressos violentamente. Ela também defende a intervenção do adulto na prevenção e nos próprios conflitos. Estabelecendo regras, levando à diretoria, conversando com os pais.

Um dos complicadores é a situação de crise que as instituições passam no momento em que o país inicia seu processo de democratização dessas instituições. A própria escola, tornou-se um lugar de passagem. No caso das classes mais altas, a escola cada vez mais se torna um adestramento voltado para passar no vestibular. No caso da periferia, nem o aluno, nem o professor acreditam que seu trabalho fará alguma diferença em qualquer uma das vidas que por ali passam. Predominando ainda o agravante de que 80% do corpo docente são precários, ou seja, não estava regularizado, com altas chances de trocar de emprego.

Inúmeras vezes a professora destacou a complexidade do problema e a inexistência de soluções prontas ou completamente eficientes, mas acredita que o caminho passa pelo diálogo e pela revitalização da escola como espaço de aprendizado. “A escola é a única instituição inventada pela humanidade que pode garantir o acesso aos bens materiais culturais e científicos”.

Durante a palestra, professores da rede pública fizeram intervenções contando experiências pessoais, perguntando-se, sem resposta aparente, o que fazer ao defrontar-se com um caso de violência externa a escola, como a violência familiar.

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