ISSN 2359-5191

28/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 114 - Meio Ambiente - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Sistema de cultivo in vitro é tema de curso na Veterinária da USP

São Paulo (AUN - USP) -Foco midiático nos últimos anos, temas como clonagem animal e utilização de células-tronco ocupam boa parte do noticiário acerca de pesquisas e genética. Poucas pessoas, contudo, conhecem o modelo de cultivo de sistemas in vitro, que torna possível essa e muitas outras aplicações biotecnológicas em seres humanos e animais. Com o objetivo de discutir o tema, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da USP, realizou recentemente a XVII Semana Científica “Benjamim Eurico Malucelli”, do Departamento de Patologia (VPT).

Entre as atividades foi oferecido um mini-curso sobre “Sistemas de Cultivo In Vitro”, abordando diversos temas referentes aos principais métodos do sistema. “O objetivo do curso foi entender a biologia da célula, analisarmos melhor os resultados obtidos com o sistema de cultivo in vitro e sua aplicabilidade na biotecnologia”, afirma a bióloga Heloísa Caetano, do Instituto de Biociências (IB), da USP, e uma das organizadoras do evento.

No campo biológico trabalha-se com dois tipos de sistemas: in vivo (com animais vivos) e in vitro (que como o próprio nome diz, “no vidro”, células em sistemas isolados em placas ou garrafas). A segunda opção de utilização é o controle total das condições de testes, impedindo, por exemplo, a atuação de variáveis que ocorre nos modelos animais, como stress e ação hormonal, durante a realização dos testes. Os modelos in vitro também são ótima opção para minimizar o uso de animais em laboratórios.

Apresentar o que é um modelo de cultivo in vitro, mostrar o que pode ser feito com esse método e quais as aplicações biotecnológicas das culturas de células estavam entre os principais objetivos do curso.

Segundo Heloísa, a idéia foi também apresentar o método como alternativa aos testes pré-clínicos utilizados atualmente. Um exemplo são os testes com cosméticos, hoje realizados em retinas de coelhos antes dos produtos alcançarem o mercado, mas que, com a utilização da cultura de células, pode poupar os animais.

“Um outro exemplo é o teste de quimiosensibilidade, exame que, por enquanto, só é realizado nos Estados Unidos, e consiste em testar os quimioterápicos diretamente nas linhagens de células tumorais retiradas do próprio paciente. Desta maneira o médico pode avaliar qual a melhor droga a ser usada na quimioterapia e evitar a utilização de diversas drogas diretamente no corpo humano”, diz Heloísa.

A insulina comprada em farmácias hoje já é produzida em sistemas de cultura in vitro, com uma linhagem que induz a fabricação de insulina humana. Antes o método consistia em extrair insulina do pâncreas de bovinos para sua utilização em humanos, o que muitas vezes ocasionava reações adversas.

A técnica de produção em larga escala das células in vitro (nos chamados bioreatores), já utilizada no Instituto Butantã para a fabricação de vacinas, e a bioengenharia, estudo que busca novos biomateriais para a formação culturas in vitro 3D que possam transformar-se em órgãos foram outros pontos abordados pelo mini-curso.

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