ISSN 2359-5191

31/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 116 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Brasil é pioneiro no desenvolvimento de handebol para cadeirantes

São Paulo (AUN - USP) - Após ficar entre os dez melhores países nas Paraolimpíadas de Pequim, realizadas em setembro deste ano, o Brasil aparece como um dos pioneiros de uma nova modalidade esportiva para deficientes físicos: o handebol em cadeira de rodas. É o que afirma Décio Calegari - coordenador do curso de Educação Física do campus Toledo da Universidade Paranaense (UNIPAR) - em uma palestra ministrada recentemente na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP).

Na UNIPAR de Toledo há um projeto de extensão universitária chamado Atividades Motoras Adaptadas (AMA), que desenvolve modalidades esportivas para deficientes. Desde que foi criado, em 1999, o projeto trabalha com esportes como basquete e dança para cadeirantes, judô e natação. A idéia de iniciar a prática do handebol apareceu em 2005. Ao pesquisar sobre o assunto, Décio afirma que encontrou, inicialmente, apenas dois projetos: um desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e outro no Rio de Janeiro. O primeiro tinha como objetivo a prática recreativa, já o segundo tinha fins terapêuticos.

No começo, o projeto contava com pouca estrutura. Havia apenas três atletas interessados na modalidade. E não se tinha disponível as cadeiras esportivas, devidamente adaptadas para a atividade: “os primeiros atletas jogavam com as cadeiras de andar”, diz Décio. O motivo para a ausência das cadeiras esportivas foi financeiro: cada uma custa aproximadamente R$ 1500. Logo, Décio afirma que, para se investir no material, é necessário uma garantia de que o atleta não desistirá dos treinos: “para comprar a cadeira esportiva, o atleta tem de estar treinando há, pelo menos, três meses”. Atualmente, o projeto tem à disposição 20 cadeiras adaptadas.

O pequeno número de atletas no início do projeto criou condições para que a prática fosse dividida em duas modalidades. A primeira, o HCR-7, adapta as regras do handebol de quadra para os cadeirantes. São poucas as adaptações. A principal é a da altura do gol. No handebol de quadra, ele mede três metros. Já no HCR-7, a trave é reduzida para 1,60 metro. A segunda modalidade, o HCR-4, tem como base as regras do handebol de areia. São quatro jogadores em cada equipe e a disputa é feita em dois sets de 10 minutos. Caso cada equipe vença um set, há um desempate em um set de cinco minutos.

No HCR-4 há a possibilidade do “gol espetacular”, um gol que, pela beleza da jogada que o origina, vale dois pontos, como quando o atleta realiza um giro de 360 graus com a cadeira antes do arremesso. A altura da trave também é de 1,60 metro e a principal adaptação é relacionada ao goleiro. Qualquer um dos quatro integrantes da equipe em quadra pode ser goleiro. Entretanto, não pode haver mais de um defensor dentro da área. Essa regra permite que uma equipe ataque sempre com um atleta a mais (quatro contra três) e, segundo Décio, “cria uma dinâmica prática que torna o jogo mais interessante e atrativo”.

Antes das Olimpíadas de Pequim, realizadas em agosto deste ano, Décio esteve em Gusngzhou, na China, onde aconteceu o Congresso Pré-Olímpico. O professor apresentou as bases científicas do projeto e, entre os espectadores de sua palestra, estavam quatro membros da comissão científica do IPC (Comitê Paraolímpico Internacional, na sigla em inglês), o que significa uma expectativa para a inclusão da modalidade entre os esportes de edições futuras dos Jogos: “em termos de planejamento, temos a perspectiva de que, se as Paraolimpíadas de 2016 ou 2020 forem no Brasil, o handebol para cadeirantes seja incluído como modalidade de apresentação”, afirma Décio.

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