ISSN 2359-5191

18/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 127 - Educação - Escola de Educação Física e Esporte
Multidisciplinaridade é exigida para a descoberta de talentos esportivos

São Paulo (AUN - USP) -O sucesso da prática esportiva de alto nível depende de uma constante descoberta de novos talentos nas mais diversas modalidades. E tal descoberta depende de uma ação multidisciplinar, não apenas das competências relacionadas ao esporte. É o que afirma Marcelo Massa, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em uma palestra ministrada recentemente na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) e organizada pela Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP).

Durante sua apresentação, Marcelo mostrou que os processos de descoberta de talentos esportivos, atualmente, são feitos de maneira subjetiva. “Os técnicos e olheiros observam uma criança competindo e acham que ela leva jeito para praticar modalidade no alto nível”, diz. Ele acredita que esses profissionais têm uma capacidade intuitiva para tomar tais decisões, devido às suas experiências na modalidade. Entretanto, a vivência adquirida em um esporte não garante uma predição correta no que diz respeito à descoberta de talentos: “saber quem é bom hoje é fácil. Mas é algo mais complicado saber quem será bom após anos de treinamento, desenvolvimento e crescimento”, afirma.

Segundo Marcelo, há uma combinação de variáveis que definem o talento de um atleta. Algumas delas não estão relacionadas apenas a aspectos físicos, bioquímicos ou metabólicos, mas também a questões psicológicas, sociais, de cognição, de tomada de decisão e de inteligência para resolver problemas, por exemplo. Ele diz que algumas dessas variáveis não podem ser trabalhadas, como as que envolvem características genéticas. Entretanto, em outras, é possível aplicar trabalhos multidisciplinares e fazer análises multivariadas, com informações cruzadas entre as diversas áreas envolvidas a fim de fundamentar as escolhas dos profissionais do meio esportivo no que diz respeito à descoberta de talentos, não deixando a tarefa apenas ao cargo de valores subjetivos.

Marcelo diz que o problema na descoberta de talentos começa na sua definição. O tema, apesar de atrair diversas áreas de conhecimento, ou seja, não é exclusivo do Esporte, não tem um significado determinado. “Às vezes procura-se um talento, mas não se sabe direito o que se está buscando”. Segundo o professor, há muitas divergências sobre quem pode ser considerado um indivíduo talentoso e qual a origem de seu talento. Uns dizem que é um dom divino, outros, que é algo genético e ainda há uma corrente que defende a tese que fatores ambientais influenciam na criação do talento.

Citando estudos na área, Marcelo afirma que, para se definir um talento, é necessário uma pré-definição do que é o normal para uma determinada modalidade esportiva, em uma certa idade. A partir de então, o indivíduo que está acima deste desempenho normal, é considerado talentoso. E, para identificá-lo, o professor não questiona o mérito dos profissionais que usam a subjetividade, mas ressalta que os critérios subjetivos não devem ser únicos na detecção e desenvolvimento de talentos. Deve haver, também, esse processo complexo de multidisciplinaridade.

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