ISSN 2359-5191

25/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 131 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Pesquisador da USP investiga principais fontes de poluição da construção civil

São Paulo (AUN - USP) - “A indústria da construção civil é uma das mais agressivas ao meio ambiente”. Isso é o que defende o engenheiro civil, Fernando Resende, em sua dissertação de Mestrado na Escola Politécnica da USP. Orientado pelo professor Francisco Ferreira Cardoso, Resende pesquisou quais eram as principais fontes de emissão de material particulado nos canteiros de obras, as principais ferramentas de controle e prevenção deste tipo de poluição e os impactos que os materiais particulados causam à fauna, à flora e às pessoas que mantém contato com as obras.

Por se tratar de um campo de pesquisa até então inexplorado no Brasil, Fernando Resende recebeu, no final de outubro, o Prêmio Holcim-Antac de Excelência em Construção Sustentável, referente ao biênio 2006/2008.

“O material particulado pode ser emitido diretamente na atmosfera, caracterizando as poeiras e resíduos, ou ser formado a partir de emissões primárias de gases, como o sulfato, que tem origem a partir do dióxido de enxofre”, aponta o engenheiro civil. Entre as principais fontes de emissão de material particulado estão a demolição de construções, a movimentação de terra, os serviços de corte, raspagem e lixamento, a perfuração de solos e concreto, a movimentação e o armazenamento de materiais pulverulentos (agregados, aglomerantes, argamassas, resíduos).

Segundo a United State Environmetal Protection Agency, órgão governamental americano incumbido de proteger o meio ambiente e a saúde humana, “o material particulado é caracterizado pela mistura de partículas sólidas ou líquidas encontradas no ar”. Algumas dessas partículas podem ser vistas a olho nu, como é o caso das poeiras, outras só podem ser observadas com o uso de microscópios eletrônicos. Elas medem, em média, de 2,5 a 10 micrômetros.

“As micropartículas que medem 10 micrometros são as que mais recebem atenção das autoridades públicas, pois elas são de fácil penetração nas vias respiratórias e estão relacionadas às doenças humanas como asma, bronquite, alergia, arritmia cardíaca e ataques do coração”, que afetam principalmente crianças e idosos, diz Fernando Resende. Além disso, quando a emissão de material particulado atinge níveis elevados, a poeira pode se depositar sobre as folhas das plantas, interferindo na fotossíntese, alterando o pH e os níveis de pigmentação da vegetação.

A indústria civil gera emprego e está vinculada diretamente ao atendimento de necessidades básicas como habitação, saúde, educação, infra-estrutura e interação social. Para Fernando Resende, “sem mobilização no setor da construção civil é praticamente impossível que haja o desenvolvimento sustentável”. Segundo, o engenheiro, poucas construtoras brasileiras fazem o controle da emissão de poluentes, mas ele acredita que a preocupação com as questões ambientais tende a crescer, seja por demanda da população, do poder público, dos órgãos financiadores, ou pela própria conscientização das empresas.

Para diminuir a poluição causada pela emissão de material particulado na atmosfera, os trabalhadores dos canteiros de obras podem tomar medidas simples, como lavar os pneus de caminhões ao sair das construções, aspirar a poeira gerada pelas serras, umedecer a superfície a ser perfurada, proteger os materiais pulverulentos dos ventos e da água, usar elementos industrializados como painéis de revestimento e estruturas pré-fabricadas. Além disso, os projetistas podem diminuir o número de escavações - ao invés de construírem garagens subterrâneas, a alternativa é a construção de edifícios com estacionamento localizado acima do nível do solo, o que evitaria a movimentação de terra, um dos grandes geradores de micropartículas poluidoras.

Ainda assim, para Resende “o trabalho dos agentes deve se realizar de forma integrada e com objetivos comuns. De nada vale os projetistas selecionarem materiais mais sustentáveis, aplicarem racionalização, entre outros, se a construtora não gerenciar seus processos de produção, não contratar com base na sustentabilidade, não treinar suas equipes e não controlar as perdas”. A diminuição dos diversos tipos de poluição está ligada às atividades de controle, substituição de tecnologias, criação de barreiras físicas e educação da sociedade, conclui o politécnico.

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