São Paulo (AUN - USP) - Diminuir a distância entre os cursos superiores e a sociedade por vezes parece uma tarefa de difícil execução. Uma iniciativa simples pode, no entanto, aproximar mais os alunos da prática que vivenciarão após a formatura. É essa a premissa das atividades de diversas Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, as ITCPs, do país inteiro, que se reúnem no 2º Congresso da Rede de ITCPs, entre os dias 12 e 14 de dezembro, na USP.
Cerca de 40 ITCPs participam do Congresso, que terá como tema a "Economia Solidária e a Política e a Política da Economia Solidária". Ligia Bensadon, coordenadora da ITCP-USP, enfatiza a importância do encontro por ser uma oportunidade de troca de experiências de trabalhos realizados no Brasil inteiro. Outro ponto que Ligia destaca é que haverá uma "reflexão sobre os temas principais de discussão do evento".
"Trabalhadores, estudantes, profissionais e professores se encontram em constante formação, fazendo parte de um processo de aprendizado mútuo", afirma. "Nessa relação, os formadores aprendem e ensinam sobre autogestão, aplicam, refletem e reelaboram conceitos científicos de um modo dialético, indo da prática à teoria", acredita.
Ligia aponta que aliar a realidade dos grupos incubados e os conhecimentos da universidade demanda mais que uma simples troca de saberes. "Economia solidária e auto-gestão envolvem, na sua construção, transformações políticas, econômicas e sociais, tanto de indivíduos quanto de instituições", afirma. "Torna-se necessária a construção de uma visão mais completa e integrada do conhecimento", completa a coordenadora.
As Incubadoras geralmente lidam com um público de renda mais baixa e "abraçam" um projeto ou comunidade, de forma a auxiliar em sua auto-gestão. "Há ITCPs que têm um enfoque maior com trabalho junto a comunidades e públicos específicos, como comunidades rurais, quilombolas, ribeirinhas, das periferias urbanas", explica Ligia.
No caso da USP, além da auto-gestão, a coordenadora cita como princípios norteadores dos trabalhos "a interdisciplinaridade, aprendizado mútuo e indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão". Dessa forma, os estudantes podem aprender, na prática, o que o ambiente universitário não pode oferecer, ao mesmo tempo em que as cooperativas populares conseguem aplicar os conceitos passados pelos alunos.
As comunidades aprendem, por exemplo, a tomar decisões tendo por base a análise de fatores como obrigações legais, infra-estrutura, capacitação, escolha do item a ser produzido, avaliação da demanda e consumo local, entre outros. "O papel da ITCP-USP é acompanhá-los nessas decisões", assegura. Porém, Lígia enfatiza que esse acompanhamento tem prazo determinado, para que as cooperativas possam criar uma administração própria e sustentável. "A formação de empreendimentos populares é um processo pedagógico intenso para todos os envolvidos", completa.
O Congresso da Rede de ITCPs ocorre no Instituto de Psicologia da USP, na Cidade Universitária, em São Paulo (SP). O evento é gratuito e aberto ao público. Mais informações pelo telefone (11) 3091-4400 ou pelo e-mail itcp@usp.br .