São Paulo (AUN - USP) -Neste ano, dois atentados terroristas chocaram o mundo. Em setembro, Islamabad, no Paquistão, viveu dias tristes depois que um caminhão-bomba explodiu no hotel Marriott da cidade, deixando em torno de 53 mortos e 266 feridos (incluindo vários estrangeiros), no maior atentado terrorista da história deste país. Mais recentemente, foi a vez de Bombaim, na Índia, experimentar o terror, depois que vários atentados simultâneos contra hotéis, centros financeiros e outros locais de concentração de estrangeiros fizeram aproximadamente 125 vítimas fatais, deixando outros 327 feridas. A questão da construção de prédios seguros contra ataques violentos está em alta depois de tamanhas tragédias. Mas para o professor Bruno Padovano, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, isso é bem difícil de conseguir.
Padovano, especialista em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo, afirma que não é possível construir um prédio totalmente seguro contra atentados terroristas. Todavia, segundo ele, é possível pensar em construções teoricamente “100% seguras”. Elas deveriam estar necessariamente abaixo do solo e associadas a sofisticados sistemas de segurança eletrônica. Assim, “isso [a segurança total] seria, na teoria, possível”, afirma Padovano.
Apesar disso, é possível pensar em construções parcialmente seguras. O professor de Arquitetura cita o exemplo do World Trade Center de Xangai, na China, projetado pelo arquiteto Kohn Pedersen Fox e concluído em 2007 (10 anos depois do previsto). O prédio de 104 andares (três no subsolo e 101 acima do nível da rua), que abrigará escritórios, hotéis, salões de conferência e lojas, é bastante seguro porque “foi previsto um sistema estrutural que agüentaria a explosão de um Boeing, locais totalmente fechados a cada 20 andares para abrigar sobreviventes de um ataque em qualquer lugar do edifício e elevadores de segurança que vão do terraço até o subsolo, totalmente isolados do resto do edifício”, explica Bruno Padovano.
O professor da FAU ainda aponta um outro fator que dificulta o projeto de prédios ultra-seguros conta ataques: o fato de que os terroristas utilizam-se de várias técnicas diferentes e surpreendentes. Para Padovano, uma grande preocupação seriam ataques com bombas nucleares: “É impossível prever o que poderia ser um ataque terrorista em tempos de energia atômica cada vez mais próxima a grupos como o de Bin Laden [Al Qaeda]”. De acordo com ele, o impacto de uma bomba nuclear, mesmo de pequeno porte, seria impossível de ser evitado com soluções arquitetônicas, “com exceção de edifícios ou bunkers (casamatas) no subsolo”. Essa saída, porém, é bastante controversa, como aponta Padovano: “Alguém gostaria de viver e trabalhar num desses, todo dia da vida?”.