São Paulo (AUN - USP) -Pela primeira vez na história da Astronomia, brasileiros participam integralmente do projeto de um satélite. Nossos compatriotas tiveram a missão de colaborar na elaboração do software do aparelho, além de realizar participações científicas. O satélite Corot (pronuncia-se Corrô) tem duas finalidades principais: estudar as pulsações das estrelas e descobrir planetas parecidos com a Terra, na esperança de encontrar seres vivos habitando fora do Sistema Solar.
Segundo Eduardo Janot Pacheco, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP) e coordenador da participação brasileira no projeto Corot, mais de 300 planetas já foram encontrados por outros satélites, mas ele atribui essas descobertas ao grande tamanho desses planetas. Já foi averiguado que os planetas grandes são compostos somente por gases, nos quais o aparecimento de formas vivas seria muito improvável. “Os planetas rochosos são pequenos, como Marte, Terra, Vênus. Os grandes são como bolas de gás. Acreditamos que não dá para a vida aparecer em planetas que são grandes bolas de gás” – afirma o professor. Porém, se forem descobertos planetas rochosos em volta de outras estrelas além do Sol, haverá a esperança de se encontrar vida fora da Terra.
Para achar planetas pequenos e rochosos, como o nosso, o Corot usa um método diferente do tradicional. O sistema convencional é baseado na perturbação gravitacional que o planeta faz na estrela em torno da qual ele orbita. “As estrelas atraem os planetas e os planetas atraem as estrelas. Assim, o planeta a perturba. Ao olhar uma estrela, você pode ver que ela oscila um pouquinho. Isso acontece porque o planeta a está perturbando ao girar em torno dela”, explica Janot. Os 300 planetas gasosos foram descobertos por meio dessas oscilações estrelares. Entretanto, quando o planeta é muito pequeno, a perturbação que ele causa na estrela é tão ínfima que não pode ser detectada por esses satélites.
O Corot, diferentemente dos outros, mede o eclipse que acontece quando o planeta passa na frente de uma estrela. Só ele usa esse método. “Quando um planeta passa na frente da estrela, ele faz um pequeno eclipse. Então medimos a variação da luz. Se a luz da estrela de repente diminui um pouquinho e depois volta ao normal é porque alguma coisa passou na frente”, explica o professor.
As expectativas sobre as possíveis descobertas do Corot alimentam as esperanças de não estarmos sozinhos no universo, porém, não podemos esperar nada para tão breve. O satélite está em órbita desde dezembro de 2006, mas, até agora, não foi encontrado nenhum sinal de bioexistência extraterrestre.