São Paulo (AUN - USP) -Apesar das recentes descobertas de campos de petróleo na bacia do Jequitinhonha e das grandiosas jazidas na camada pré-sal, não se pode esquecer que o petróleo é uma fonte de energia finita. Pensando nisso e na crescente demanda por insumos energéticos, o graduando em Engenharia de Petróleo pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), Rodrigo Tamanaha, orientado pelo professor Ricardo de Azevedo, também da Poli, estão realizando um mapeamento do processo de obtenção de óleo a partir do xisto. Os pesquisadores fazem um estudo de caso junto à Unidade de Negócio da Superintendência de Industrialização do Xisto (SIX), da Petrobras, localizada em São Mateus do Sul, no Paraná. Seus trabalhos foram apresentados por Tamanaha em simpósio na USP.
O xisto é folhelho pirobetuminoso. Trata-se de um tipo de rocha sedimentar que contém querogênio, a partir do qual podem ser gerados hidrocarbonetos. Segundo Tamanaha, o Brasil abriga a segunda maior reserva de xisto do mundo, o que garante ao país um forte potencial de produção de óleo por meio dessa fonte alternativa. “O óleo de xisto refinado é idêntico ao petróleo de poço e poderia substituí-lo, se não fosse tão caro. Ele chega a ser cerca de três vezes mais caro, comparado ao petróleo do Brasil”, afirma o graduando.
As razões do alto custo são devidas a fatores como a extração do xisto, pirólise (ruptura da estrutura molecular original pela ação de altas temperaturas em um ambiente com pouco ou nenhum oxigênio), refino e transporte. O objetivo do mapeamento que está sendo realizado é detectar erros no processo da Petrobras na jazida de São Mateus e identificar gargalos, a fim de facilitar correções, aumentar a eficiência do processo, desenvolver novas tecnologias e, assim, baratear a obtenção do óleo.
Embora seu aproveitamento ainda seja monetariamente inviável, as jazidas de xisto podem ser muito importantes para a configuração futura da matriz energética brasileira e mundial. “Caso haja uma nova crise do petróleo, as indústrias poderiam então contar com uma fonte de energia semelhante à utilizada atualmente”, diz Tamanaha. Os pesquisadores esperam também uma maior divulgação do trabalho em eventos científicos. Além do simpósio realizado na USP, o grupo também já se apresentou na Rio Oil & Gas Expo and Conference, principal evento de petróleo e gás da América Latina.