São Paulo (AUN - USP) -"De médico, filósofo e meteorologista todo mundo tem um pouco". É assim que o professor Augusto Pereira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP se refere ao interesse que a Meteorologia desperta nas pessoas, ainda que imperceptível ou indiretamente. "Todo mundo quer saber se vai chover, mas quase ninguém sabe de fato como funciona a Meteorologia". É por isso que, desde meados dos anos 90, o IAG tem se empenhado em levar para as escolas o trabalho do astrônomo e, mais recentemente, do meteorologista. O projeto de extensão "Meteorologia na Escola" (MnE), que deve começar a funcionar no próximo ano, pretende apresentar um pouco da profissão a crianças do Ensino Fundamental.
O projeto pioneiro foi o "O Meio Ambiente e a Escola - MAE", que oferecia a professores do primeiro grau uma formação básica em Meteorologia, por meio de aulas com apostilas didáticas. O objetivo era voltar a atenção da criança para a ciência e despertar seu interesse. "Às vezes, você tem um talento latente e precisa de um incentivo para que ele se manifeste", explica o professor Augusto. O projeto chegou a receber apoio da Prefeitura de São Paulo durante as gestões de Celso Pitta e Marta Suplicy, mas desacelerou naquela última.
A partir deste projeto, nasceu o "Desenvolvimento de um WebLab em Ciências da Terra e do Universo", que recebeu aporte da Fapesp em 2006 e envolve as especialidades dos três departamentos do IAG. O "Telescópios na Escola" (TnE) funciona de maneira independente desde 2001 e consiste em observações remotas (à distância), em que o professor opera um telescópio pela internet e observa os astros com seus alunos dentro da sala de aula, com assistência de monitores. Graças à verba da Fapesp, o "Meteorologia na Escola" vai enfim sair do papel – já está em andamento a importação de uma estação meteorológica, a ser instalada no Observatório Abrahão de Moraes, em Valinhos (interior de SP). Lá também fica o telescópio Argus, utilizado pelo TnE.
O funcionamento do MnE será semelhante ao do TnE. O contato entre a escola e o IAG se dará por meio de uma pagina na web, na qual o professor interessado solicita os dados da estação meteorológica. A partir desses dados, os alunos podem desenvolver atividades - elaboradas pelo próprio docente ou propostas pelo MnE. De acordo com o professor Augusto, do IAG, o público ideal para o projeto são alunos da 5ª série, quando aprendem noções sobre Ambiente, Geografia, Astronomia e Meteorologia. Assim como o TnE, o MnE também incluirá visitação dos alunos ao Observatório Abrahão de Moraes.
Além de enriquecer a formação desses estudantes e chamar a atenção deles para os cursos do IAG, o MnE cumpre o papel de extensão que compete à universidade, já que os trabalhos por eles desenvolvidos podem ser úteis para a comunidade. Segundo o professor do IAG, no caso de Valinhos, a Meteorologia é de extrema importância para a agricultura, principal atividade econômica da região. Os alunos do Ensino Fundamental poderão trabalhar com dados referentes à Agrometeorologia, como a precipitação, ciclo de temperatura e radiação solar (que interfere no crescimento das plantas).
A previsão é de que a fase de implantação do MnE leve ainda cerca de seis meses - tempo para que a estação seja importada e instalada em Valinhos. Atualmente, o prédio do Observatório também esta sendo adequado para recebê-la.
O terceiro projeto de extensão desenvolvido pelo IAG, também contemplado pelo edital da Fapesp, é o "Geofisica na Escola" (GnE). Este, no entanto, ainda está em fase de elaboração, mas seguirá a mesma linha dos projetos de Astronomia e Meteorologia – obtenção remota (à distância) de dados, a serem utilizados em trabalhos de ciências nas escolas de Ensino Fundamental.